Sofrimento sob os escombros da tragédia Familiares da aposentada Maria da Conceição e do autônomo Antônio José dos Santos estiveram no Instituto de Medicina Legal (IML)

Publicação: 31/08/2024 03:00

Desmaio, muita dor e comoção marcaram o reconhecimento dos corpos das duas vítimas fatais da Tragédia do Morro da Conceição, na sexta-feira (30).

Familiares da aposentada Maria da Conceição França Pinto, de 68 anos, e do autônomo Antônio José dos Santos, de 54 anos, estiveram presentes no Instituto de Medicina Legal (IML), no bairro de Santo Amaro, na área Central do Recife, para realizar o processo de reconhecimento.

A previsão é que os corpos das duas vítimas sejam liberados na manhã deste sábado (31) e, até o fechamento desta edição, não havia informações sobre data e horário de velório e sepultamento.

A tragédia ainda deixou 25 feridos, entre eles, uma grávida. A princípio a informação era que 21 pessoas ficaram feridas, contudo, na noite de sexta, a Secretaria Estadual de Saúde (SES) atualizou o número.

O acidente aconteceu no início da tarde, no Santuário de Nossa Senhora da Conceição, no Morro da Conceição, na Zona Norte do Recife, durante uma distribuição de cestas básicas no local.

Durante três horas, familiares e amigos estiveram no IML para realizar o trabalho de reconhecimento dos corpos. A primeira vítima fatal a ser reconhecida foi Antônio José dos Santos.  Vinte minutos depois, parentes da aposentada Maria da Conceição França Pinto também reconheceram o corpo.

Leandro dos Santos Silva, de 30 anos, filho de Antônio, desmaiou duas vezes e convulsionou no chão em um dos desmaios, tendo que ser amparado por outros familiares. Uma médica legista que estava de plantão no local atendeu o rapaz

Antes de passar mal. Leandro limitou-se a dar entrevistas, mas do pouco que conseguia falar, disse que o pai morreu ao buscar a cesta básica para casa.

“Falei com painho uma hora antes de tudo acontecer. Ele disse ‘cuida da casa, que vou buscar a feira e orar’. Depois recebi apenas a ligação de um amigo dizendo que o painho estava morto. Fiquei sem acreditar! Meu Deus, deixa ele. Porque tudo isso? Ele não era para ir agora”, contou Leandro aos prantos.

Segundo ele, o pai era devoto de Nossa Senhora da Conceição e uma vez no mês ia até o santuário onde aconteceu a tragédia para garantir a cesta básica do sustento da família.

“Meu pai era bondoso. Ele estava lá para garantir a nossa feira e os ferros caíram em cima dele”, lamentou Leandro.

Já Marcos da Conceição, de 33, foi até o IML para reconhecer o corpo da mãe, a aposentada Maria da Conceição.

Ele falou que a mãe era devota da santa e frequentava constantemente o santuário, onde ia rezar, e também foi ao local para buscar uma cesta básica. “Vim reconhecer o corpo de mãe, bati em vários hospitais e não havia confirmação de que ela estava internada. Daí decidi vir ao IML para confirmar e reconhecer o corpo”, disse Marcos.

Ele ainda contou sobre a devoção da mãe, antes de ter a notícia que ela era realmente uma das vítimas fatais.

“Eu e mainha somos devotos. Eu tenho uma tatuagem de Nossa Senhora nas minhas costas. Temos várias graças alcançadas e tenho certeza que ela não abandonará neste momento”, falou Marcos. Após mais de uma hora e meia esperando, Marcos reconheceu o corpo da mãe e muito abalado não quis dar entrevista.