Um passeio por parte da história de fé do Recife
A chegada das igrejas católicas à capital começou no século 16 através de missionários que aportaram no Nordeste com os colonizadores portugueses
Adelmo Lucena
Publicação: 18/11/2024 03:00
O Recife abriga um conjunto de igrejas católicas marcadas por características que remontam ao período colonial, refletindo séculos de influência religiosa, artística e cultural. As igrejas são símbolos de fé e resistência à onda de modernismo que a capital pernambucana passa e são patrimônios históricos nacionais.
A chegada das igrejas católicas no Recife começou no século 16 através de missionários católicos que chegaram ao litoral nordestino com os colonizadores portugueses. Entre os primeiros monumentos religiosos levantados está a Igreja de Santo Antônio, erguida em 1592, considerada um dos mais antigos de Pernambuco e foi, por muito tempo, o principal ponto de encontro da comunidade religiosa e social da cidade.
Com a chegada do século 17, iniciou-se um período conturbado para a Igreja Católica no Recife por conta da invasão holandesa (1630-1654). Neste período, os invasores protestantes tentaram controlar as igrejas católicas e transformá-las em templos protestantes. Com isso, católicos locais e clérigos, foram obrigados a adotar práticas discretas de sua fé, recorreram a locais improvisados para realizar missas e outros ritos religiosos.
Somente após a expulsão dos holandeses, em 1654, as igrejas passaram por processos de restauração e reapropriação e um dos templos que passou por esta fase foi a Igreja de São Pedro dos Clérigos, localizada no bairro de São José. Ela foi fundada em 1728 e simboliza o renascimento da fé católica no Recife. A estrutura destaca-se pela arquitetura rococó, um estilo europeu que começava a ganhar força no Brasil.
No século seguinte, as igrejas católicas passaram por um período de prosperidade na capital pernambucana, refletido pela construção de igrejas luxuosas, ornamentadas em estilo barroco.
“Na historiografia pernambucana, sabemos que, na segunda metade do século 17e na primeira metade do século 18, houve um auge na construção de diversas igrejas no Recife, com um florescimento das edificações realizadas por ordens religiosas e diversas irmandades leigas”, explica Luanna Oliveira, pesquisadora de pós-doutorado da CAPES no Programa de Pós-graduação em História da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE).
NEOGÓTICO
No século 19, as igrejas do Recife foram influenciadas por novos estilos arquitetônicos, como o neogótico. A Capela Dourada, pertencente à Ordem Terceira de São Francisco foi construída no século XVII, mas passou por reformulações que introduziram elementos neogóticos em sua estrutura, ao mesmo tempo que preservou os detalhes barrocos de sua fundação.
Já no século 20, a arquitetura sacra na capital passou a incorporar também elementos do modernismo, a exemplo da Catedral Metropolitana de São Pedro dos Clérigos.
Assim, o Recife passou a ter uma diversidade arquitetônica que mostra a evolução e adaptação da Igreja Católica aos tempos modernos.
MADRE DE DEUS
Localizada na Rua Madre de Deus, no Bairro do Recife, a Igreja Madre de Deus foi inaugurada em 1709, com uma fachada com duas torres e o corpo central em pedra. No seu interior, há um salão com capelas laterais e um majestoso arco triunfal de severa cantaria com dois altares no arco cruzeiro.
O altar-mor da igreja é de talha dourada com nichos sacrários e trono em estilo rococó. A sacristia conta com um grande arcaz e um lavabo em mármore de Estremoz, considerado o mais notável do Brasil, executado em Portugal. O local contém imagens que pertenciam à Igreja do Corpo Santo, demolida durante a modernização do Recife
Esta igreja foi construída quando os padres oratorianos, da Ordem de São Felipe Neri, pretenderam fundar um convento no Recife. O terreno foi doado pelo capitão António Fernandes de Matos.
“A Igreja da Madre de Deus foi erguida em terrenos doados por Antônio de Matos, onde também foi construído o Convento da Ordem Oratoriana, que foi expulso na primeira metade do século 19”, complementa a pesquisadora de pós-doutorado, Luanna Oliveira.
CAPELA DOURADA
Uma das principais igrejas católicas da região, foi construída no século 16 pelos Irmãos da Venerável Ordem Terceira de São Francisco das Chagas. O templo foi aberto ao público em 15 de setembro de 1697.
Como a igreja foi construída em uma fase próspera para o catolicismos no Brasil, a estrutura passou por melhorias e recebeu uma decoração barroca, e sua condição atual data basicamente dos séculos 17 e 18.
“No terreno da Ordem Franciscana, foi construída a Capela Dourada, conectada por um portal à Igreja de Santo Antônio, que possui um dos mais belos conjuntos de azulejos portugueses, com detalhes que narram a história do Gênesis no claustro e a história de Santo Antônio dentro da Igreja”, destaca a pesquisadora Luanna Oliveira.
Nas paredes há uma série de painéis de azulejos, altares menores com estatuária, dos quais se destacam o de Santa Isabel, o do Cristo atado à coluna e o do Senhor dos Passos.
“A Capela Dourada é considerada a mais bela obra barroca do Recife, erguida com legados e bens doados pelos irmãos da Ordem Terceira Franciscana do Recife”, complementa Luanna.
CARMO
Ainda no bairro do Carmo, está instalada a Igreja Nossa Senhora do Carmo, na Praça do Carmo. Esta igreja surgiu após a chegada da Ordem do Carmo do Recife, trazendo obras de construção do Convento e da Igreja do Carmo do Recife, iniciadas em 1665.
“Sua fachada possui estilo rococó, enquanto seis altares laterais são em estilo barroco, com detalhes dourados”, pontua Luanna Oliveira. As obras foram finalizadas em 1767 e em 1909 a Virgem do Carmo foi declarada como Padroeira Secundária do Recife.
BASÍLICA DA PENHA
“A atual Basílica de Nossa Senhora da Penha, que apresenta detalhes em estilo neoclássico. Sua arquitetura se diferencia do estilo barroco das igrejas anteriores, pois é uma construção mais recente, concluída em 1882”, afirma a pesquisadora de pós-doutorado.
Localizada no Bairro de São José, a basílica foi erguida no local da antiga Igreja da Penha, demolida em 1870. As obras foram concluídas e 1882.
A chegada das igrejas católicas no Recife começou no século 16 através de missionários católicos que chegaram ao litoral nordestino com os colonizadores portugueses. Entre os primeiros monumentos religiosos levantados está a Igreja de Santo Antônio, erguida em 1592, considerada um dos mais antigos de Pernambuco e foi, por muito tempo, o principal ponto de encontro da comunidade religiosa e social da cidade.
Com a chegada do século 17, iniciou-se um período conturbado para a Igreja Católica no Recife por conta da invasão holandesa (1630-1654). Neste período, os invasores protestantes tentaram controlar as igrejas católicas e transformá-las em templos protestantes. Com isso, católicos locais e clérigos, foram obrigados a adotar práticas discretas de sua fé, recorreram a locais improvisados para realizar missas e outros ritos religiosos.
Somente após a expulsão dos holandeses, em 1654, as igrejas passaram por processos de restauração e reapropriação e um dos templos que passou por esta fase foi a Igreja de São Pedro dos Clérigos, localizada no bairro de São José. Ela foi fundada em 1728 e simboliza o renascimento da fé católica no Recife. A estrutura destaca-se pela arquitetura rococó, um estilo europeu que começava a ganhar força no Brasil.
No século seguinte, as igrejas católicas passaram por um período de prosperidade na capital pernambucana, refletido pela construção de igrejas luxuosas, ornamentadas em estilo barroco.
“Na historiografia pernambucana, sabemos que, na segunda metade do século 17e na primeira metade do século 18, houve um auge na construção de diversas igrejas no Recife, com um florescimento das edificações realizadas por ordens religiosas e diversas irmandades leigas”, explica Luanna Oliveira, pesquisadora de pós-doutorado da CAPES no Programa de Pós-graduação em História da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE).
NEOGÓTICO
No século 19, as igrejas do Recife foram influenciadas por novos estilos arquitetônicos, como o neogótico. A Capela Dourada, pertencente à Ordem Terceira de São Francisco foi construída no século XVII, mas passou por reformulações que introduziram elementos neogóticos em sua estrutura, ao mesmo tempo que preservou os detalhes barrocos de sua fundação.
Já no século 20, a arquitetura sacra na capital passou a incorporar também elementos do modernismo, a exemplo da Catedral Metropolitana de São Pedro dos Clérigos.
Assim, o Recife passou a ter uma diversidade arquitetônica que mostra a evolução e adaptação da Igreja Católica aos tempos modernos.
MADRE DE DEUS
Localizada na Rua Madre de Deus, no Bairro do Recife, a Igreja Madre de Deus foi inaugurada em 1709, com uma fachada com duas torres e o corpo central em pedra. No seu interior, há um salão com capelas laterais e um majestoso arco triunfal de severa cantaria com dois altares no arco cruzeiro.
O altar-mor da igreja é de talha dourada com nichos sacrários e trono em estilo rococó. A sacristia conta com um grande arcaz e um lavabo em mármore de Estremoz, considerado o mais notável do Brasil, executado em Portugal. O local contém imagens que pertenciam à Igreja do Corpo Santo, demolida durante a modernização do Recife
Esta igreja foi construída quando os padres oratorianos, da Ordem de São Felipe Neri, pretenderam fundar um convento no Recife. O terreno foi doado pelo capitão António Fernandes de Matos.
“A Igreja da Madre de Deus foi erguida em terrenos doados por Antônio de Matos, onde também foi construído o Convento da Ordem Oratoriana, que foi expulso na primeira metade do século 19”, complementa a pesquisadora de pós-doutorado, Luanna Oliveira.
CAPELA DOURADA
Uma das principais igrejas católicas da região, foi construída no século 16 pelos Irmãos da Venerável Ordem Terceira de São Francisco das Chagas. O templo foi aberto ao público em 15 de setembro de 1697.
Como a igreja foi construída em uma fase próspera para o catolicismos no Brasil, a estrutura passou por melhorias e recebeu uma decoração barroca, e sua condição atual data basicamente dos séculos 17 e 18.
“No terreno da Ordem Franciscana, foi construída a Capela Dourada, conectada por um portal à Igreja de Santo Antônio, que possui um dos mais belos conjuntos de azulejos portugueses, com detalhes que narram a história do Gênesis no claustro e a história de Santo Antônio dentro da Igreja”, destaca a pesquisadora Luanna Oliveira.
Nas paredes há uma série de painéis de azulejos, altares menores com estatuária, dos quais se destacam o de Santa Isabel, o do Cristo atado à coluna e o do Senhor dos Passos.
“A Capela Dourada é considerada a mais bela obra barroca do Recife, erguida com legados e bens doados pelos irmãos da Ordem Terceira Franciscana do Recife”, complementa Luanna.
CARMO
Ainda no bairro do Carmo, está instalada a Igreja Nossa Senhora do Carmo, na Praça do Carmo. Esta igreja surgiu após a chegada da Ordem do Carmo do Recife, trazendo obras de construção do Convento e da Igreja do Carmo do Recife, iniciadas em 1665.
“Sua fachada possui estilo rococó, enquanto seis altares laterais são em estilo barroco, com detalhes dourados”, pontua Luanna Oliveira. As obras foram finalizadas em 1767 e em 1909 a Virgem do Carmo foi declarada como Padroeira Secundária do Recife.
BASÍLICA DA PENHA
“A atual Basílica de Nossa Senhora da Penha, que apresenta detalhes em estilo neoclássico. Sua arquitetura se diferencia do estilo barroco das igrejas anteriores, pois é uma construção mais recente, concluída em 1882”, afirma a pesquisadora de pós-doutorado.
Localizada no Bairro de São José, a basílica foi erguida no local da antiga Igreja da Penha, demolida em 1870. As obras foram concluídas e 1882.