Animais silvestres suscetíveis ao vírus

Malu Mendes

Publicação: 11/01/2025 03:00

O caso de raiva trouxe à tona uma discussão sobre os riscos do contato humano com animais silvestres e os impactos da ação humana sobre eles. De acordo com o biólogo Leandro Alberto, pesquisador da UFPE e especialista em biologia animal, os saguis, como outros animais silvestres, não passam por vacinação como cães e gatos. “Eles estão livres na mata e suscetíveis a vírus por diferentes formas de contato: seja pela troca de mucosas com outros animais, pelo consumo de frutas contaminadas ou por interações próximas”, explicou.

Essa vulnerabilidade é agravada por fatores como o desmatamento e a perda de habitat. “Com a expansão imobiliária e a construção de moradias em áreas de mata fechada, os saguis acabam se aproximando dos humanos. Aldeia, por exemplo, é uma área de vegetação rica, mas que vem sendo intensamente ocupada. Essa invasão do habitat natural leva os animais a se aproximarem e adentrarem nas casas em busca de alimentos”, ressaltou o biólogo.

Muitas vezes, moradores alimentam os saguis com frutas, criando um ciclo perigoso de contato. Além disso, queimadas ilegais também contribuem para a fuga de animais silvestres para áreas urbanas, onde o risco de transmissão de doenças aumenta.

O vírus da raiva, ao infectar saguis, causa alterações neurológicas que os tornam mais agressivos.

“Esses animais, ao serem acometidos pelo vírus, apresentam mudanças de comportamento que os levam a ataques, como o ocorrido em Santa Maria do Cambucá.”, afirmou Leandro Alberto.