MEMóRIA » 25 anos da tragédia do Circo Vostok

Publicação: 09/04/2025 03:00

Quatro animais acabaram mortos após a ocorrido (TERESA MAIA/ARQUIVO DP)
Quatro animais acabaram mortos após a ocorrido
Uma das maiores tragédias registradas no Brasil completa 25 anos hoje: a do Circo Vostok. Naquela tarde de domingo, 9 de abril de 2000, o garoto José Miguel dos Santos Fonseca Júnior, de 6 anos, foi arrastado e devorado por um dos cinco leões que estavam na jaula, durante uma apresentação.

O menino e a família foram ao circo, que estava instalado no terreno do Shopping Guararapes, em Jaboatão, no Grande Recife. Ao passar perto de uma das grades, um dos animais, Bongo, de 220 quilos, arrastou a criança, na frente de uma grande plateia, com quase 3 mil pessoas, deixando todos aterrorizados.

O leão só soltou o corpo do menino quando policiais militares chegaram e começaram a disparar tiros. Quatro animais foram mortos e levados para a Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE). Na instituição, ficou constatado que eles não tinham ingerido alimentos. Não foi comprovado, no entanto, que os leões atacaram a criança devido à fome. O animal sobrevivente acabou sendo levado para o zoológico e morreu anos depois.

ATAQUE
Na época do ataque, o pai de Júnior, o garçom José Miguel Fonseca, contou que a tragédia aconteceu durante o intervalo da apresentação. Ele e os dois filhos queriam tirar fotos dos cavalos, em um cercado fora do picadeiro. Na volta, passaram ao lado da jaula dos leões. Foi quando um dos cinco leões avançou e puxou o menino das mãos de Fonseca. %u201CMinha menina viu o irmãozinho ser arrastado%u201D, afirmou o pai, ainda no dia da tragédia.

Testemunhas contaram que o leão colocou as duas patas para fora da jaula, puxou o menino para dentro, abocanhou a cabeça e balançou o garoto. Aí, os outros leões o atacaram. A força com que o leão puxou chegou a envergar as grades da jaula. O espaço entre uma barra e outra era de 10 centímetros.

Logo depois da tragédia, foi aprovado projeto de lei que proibia a apresentação de animais selvagens nos circos que se instalarem em Pernambuco. Outros estados também adotaram a medida. Já o Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidiu, em 2018, que a empresa responsável pelo evento, Sissi Espetáculos (Circo Vostok) e as responsáveis pela locação do circo, proprietárias do shopping, responderiam de forma solidária pelo dano.

Os pais de Júnior ganharam na Justiça o direito a uma indenização de R$ 275 mil, por danos morais e materiais. Na época, a Instituto de Criminalística (IC) concluiu que houve negligência e falta de segurança do circo. O homem que trabalhava como tratador dos leões foi indiciado por homicídio culposo (sem a intenção de matar).  A família Vostok viajou, logo depois do ocorrido, para os Estados Unidos.