PE é vice-campeão em falta de acessibilidade Dados do Censo 2022, divulgados ontem, mostram que 65% dos moradores de áreas urbanas vivem em ruas onde não há rampas de acesso para cadeirantes

MALU MENDES

Publicação: 18/04/2025 03:00

Por todo o estado, a situação das calçadas se repete e prejudica a vida da população (MARINA TORRES/ DP FOTO)
Por todo o estado, a situação das calçadas se repete e prejudica a vida da população

Pernambuco tem o segundo pior índice de acessibilidade urbana do país entre as vias com calçadas, com 4,8 milhões de pessoas vivendo em ruas que não possuem rampas para cadeirantes. O número representa 65,01% dos 7,4 milhões de moradores de áreas urbanas do estado, segundo dados do Censo Demográfico 2022, divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O levantamento do IBGE, denominado “Características Urbanísticas do Entorno dos Domicílios” também analisou diversos aspectos da infraestrutura urbana, como pavimentação das vias, presença de calçadas, rampas de acessibilidade, arborização, bueiros, sinalização para bicicletas e a capacidade de circulação de veículos. Pernambuco também apresentou deficiências em vários desses itens.

Em relação ao número de pessoas que moram em ruas onde não existem rampas, o estado está na segunda pior posição do Brasil, à frente apenas do Amazonas. Em 2010, o número era ainda maior: 5,9 milhões de pessoas (97,90%).  

Apesar de uma redução em doze anos, o número absoluto ainda revela uma realidade de exclusão para pessoas com deficiência e mobilidade reduzida. Apenas 635.551 pessoas (8,48%) vivem em ruas onde as calçadas estão livres de obstáculos, como postes, buracos ou construções irregulares.

Isso significa que mais de 6,7 milhões de pernambucanos têm dificuldade de circular com segurança e conforto nas calçadas.  Entre os municípios com mais de 100 mil habitantes, Camaragibe, na Região Metropolitana do Recife, aparece entre os piores do Brasil, com apenas 48,2% das vias apresentando calçadas.

VALORIZAÇÃO
Segundo o IBGE, “calçadas bem cuidadas valorizam os imóveis e o espaço urbano como um todo, elas podem ser usadas para paisagismo, áreas de descanso, arte urbana e mobiliário público, tornando a cidade mais atraente, além de promoverem modos de transporte mais sustentáveis, como a caminhada”.

Outro dado levantado pelo Censo é de que, em Pernambuco, 3,7 milhões de pessoas (50,63%) vivem em ruas sem nenhuma arborização. O estado está acima da média nacional, que é de 33,73%.

“A arborização urbana é essencial para a qualidade de vida nas cidades. Ela contribui para o bem-estar dos habitantes, oferecendo diversos benefícios ambientais, sociais e econômicos. A redução da temperatura é uma consequência importante, diminuindo a incidência de ilhas de calor ao longo do tecido urbano”, ressalta a o analista do IBGE Maikon Novaes.

“Ao integrar os resultados da pesquisa urbanística com práticas de arborização, os municípios podem criar ambientes urbanos mais sustentáveis e agradáveis, melhorando a qualidade de vida de seus habitantes”, conclui.
 
PAVIMENTAÇÃO
Segundo o IBGE, embora 5,7 milhões de moradores (76,32%) vivam em vias pavimentadas, cerca de 1,7 milhão de pessoas ainda residem em ruas sem pavimento em Pernambuco. A falta de asfalto impacta diretamente na mobilidade urbana, no escoamento das águas da chuva e nas condições de higiene e segurança.

O índice coloca o estado entre os piores nesse quesito, perdendo para o Pará, Rondônia e Amapá. Enquanto isso, estados como São Paulo (96%) e Minas Gerais (95,3%) já garantem pavimentação a quase toda a população urbana. Nacionalmente, o IBGE informou que 88,5% do total de brasileiros moram em endereços com vias pavimentadas. Nesse caso, considerou diversos tipos como asfalto, cimento, paralelepípedos, entre outros. Em vias sobre palafitas, foram considerados também vias revestidas com tábuas de madeira.

Outro ponto levantado é de que apenas 136.291 pessoas (1,82%) moram em vias com algum tipo de sinalização ou estrutura para bicicletas, como ciclovias ou ciclofaixas, segundo o Censo.

TRANSPORTES

A pesquia também trouxe dados sobre a circulação de veículos de grande porte como caminhões e ônibus. Assim, 11,9% vivem em ruas onde só circulam carros ou vans, e outras 631.082 pessoas (8,42%) vivem em locais onde só é possível circular a pé, de bicicleta ou motocicleta.  

No Recife,  69,9% de seus moradores vivem em vias onde é possível circular com caminhão ou ônibus e 16,1%, quarto maior percentual do Brasil para cidades com mais de 100 mil habitante, onde é possível circular somente a pé, de bicicleta ou de motocicleta. Foram ainda registradas 50 pessoas no estado que moram em locais onde a circulação é apenas por transporteaquaviário.