Corregedoria investiga morte de jovem Lucas Brendo, 28 anos, foi morto após o carro em que estava ter sido alvejado por policiais do BPTran que alegam ter havido troca de tiros

Publicação: 15/07/2025 03:00

A Corregedoria Geral da Secretaria de Defesa Social (SDS) vai investigar a atuação dos policiais do 1º  Batalhão de Policiamento do Trânsito (BPTran) que, na última sexta-feira (11), dispararam contra um veículo deixando um homem morto. O caso aconteceu após o motorista furar uma blitz, realizada em Boa Viagem, Zona Sul do Recife, dando início a uma perseguição.

Lucas Brendo, de 29 anos, acabou sendo baleado e morreu. Ele estava no carro com outros três homens. Um deles também ficou ferido e está sob custódia no Hospital da Restauração. Os outros dois receberam atendimento médico e foram presos.

De acordo com a SDS, a Investigação Preliminar (IP) foi instaurada para “acompanhar o inquérito e verificar a repercussão administrativa dos fatos”.  O caso também é investigado pela Polícia Civil como “morte decorrente de intervenção de agente do Estado”.  

De acordo com o boletim de ocorrência, o motorista tentou fugir em alta velocidade e quase atingiu policiais que estavam em motocicletas. A Polícia Militar afirma ainda que os ocupantes teriam atirado contra os policiais, que revidaram. Durante a troca de tiros, o motorista perdeu o controle da direção e colidiu com um veículo estacionado.

O documento também aponta que, ao verificar o carro, teriam sido localizados dois revólveres,  um sob o banco dianteiro e outro no tapete próximo a um dos feridos, além de uma arma de gel e oito munições. O veículo em que Lucas e outros amigos trafegavam está com o IPVA atrasado. Esse seria o motivo do motorista do veículo ter desobedecido a uma ordem de parada na blitz.

CONTESTAÇÃO
Parentes e amigos contestaram essa versão nas redes sociais e afirmaram que ele foi vítima de violência policial. Em entrevista ao Diario de Pernambuco, a noiva de Lucas, Ingridy Grigorio, de 29 anos, defende que não houve troca de tiros entre os ocupantes do carro e os policiais. 

“Após o ocorrido todos foram levados para a delegacia e foram ouvidos. O irmão de Lucas estava lá acompanhando tudo, eu estava em casa e ele me ligou contando do ocorrido. Após algumas horas, todos foram liberados, fez teste de pólvora, que deu negativo, ou seja, se tivessem com armas, teriam sido presos e estariam até agora”, conta.

Já um dos rapazes que estava no carro contou sua versão para o caso. Sem mostrar o rosto ou revelar o nome, o jovem concedeu uma entrevista à TV Guararapes e disse que foi uma “cena traumática”. Ele revelou que os colegas passaram pela blitz e, na Estrada da Batalha, em Jaboatão dos Guararapes, os policiais começaram a perseguição. 

ARMAS
“O disparo fatal foi quando carro subiu o meio-fio. A gente parou”, disse. Ainda conforme o relato da testemunha, os policiais estavam nervosos. “O policial me botou para fora do carro, me jogou na lama e me algemou”.

Ele conta que foi levado para o Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), responsável pela investigação do caso. O rapaz disse que os policiais apresentaram duas armas, que teriam sido encontradas no carro. Ele foi incisivo ao afirmar que as armas “não eram dos jovens”. 

Segundo ele, havia no carro uma arma usada para prática esportiva (air soft). “O air soft eu confirmo. As outras duas. Não. Não sei mexer em arma de fogo”, observou.