Capitão Souza, o último pracinha da 2ª Guerra
"Ainda sonho combatendo e com os amigos", diz Severino Gomes de Souza, que recorda sua atuação no combate. Veterano pernambucano tem 101 anos
Cadu Silva
Publicação: 01/05/2025 03:00
Com apenas 17 anos, Severino Gomes de Souza, não hesitou em escrever um “sim” tão grande quanto sua disposição de entregar o corpo e o coração à pátria. Nascido no Rio Grande do Norte, conhecido como Capitão Souza, atravessou o Atlântico como voluntário da Força Expedicionária Brasileira (FEB) e retornou do front com a alma marcada por trincheiras, lutas, perdas e memórias que nem o tempo – ou mais de cem anos de vida – apagaram.
Sentado com os olhos atentos e a voz embargada, ele recorda em entrevista dada ao Diario de Pernambuco há quase 80 anos, os capítulos de uma saga vivida por brasileiros rumo à Segunda Guerra Mundial para combater o nazifascismo.
Severino era só um adolescente quando o mundo se despedaçava em batalhas. Ainda assim, a convocação não o assustou. ‘’Foi imediatamente. A última pergunta do questionário era essa: ‘Participaria?’ Eu botei um ‘sim’ do meu tamanho.’’
Do Brasil até a Itália, a viagem durou cerca de 15 dias a bordo de um navio americano, o United States Man. Ao desembarcar na cidade Nápoles e depois seguir para Pisa, Severino e seus colegas passaram por mais um estágio de preparação. A língua era uma barreira, porque na época a população não se atentava à importância de outros idiomas — poucos sabiam inglês, muito menos italiano. ‘’A comunicação era feita por gestos. Mas no acampamento, éramos uma irmandade. A amizade no Exército é diferente: éramos capazes de nos sacrificar por um colega”.
De volta ao seio familiar, Severino e seus companheiros foram recebidos como heróis. ‘’Foi uma festa. O Rio de Janeiro inteiro na Avenida Rio Branco, aplaudindo. As moças beijavam os soldados que chegavam, deixando-os com o rosto cheio de batom”. Mas a euforia de viver esse título e a história não durou muito tempo. “O reconhecimento durou pouco tempo. Depois veio o esquecimento. Só mais tarde, com o esforço do Exército, voltamos a ser lembrados”.
Hoje, aos 101 anos, Severino, o último pracinha vivo da história de Pernambuco, vive no bairro de Boa Viagem, Zona Sul do Recife, e mora perto da rua que leva o nome do comandante da sua companhia, o paraibano Edison Amâncio Ramalho.
No pós-guerra, ele nunca teve condições de retornar à Itália para visitar os monumentos e o cemitério de Pistóia, onde foram enterrados muitos brasileiros na época. Sem arrependimentos. “A gente lutou por um Brasil que acreditava na justiça e na liberdade. Faria tudo de novo”. Severino Gomes de Souza é um símbolo que ajuda a manter viva uma parte extraordinária da memória brasileira viva— aquela que insiste em resistir ao tempo, ao esquecimento e ao silêncio.
Sentado com os olhos atentos e a voz embargada, ele recorda em entrevista dada ao Diario de Pernambuco há quase 80 anos, os capítulos de uma saga vivida por brasileiros rumo à Segunda Guerra Mundial para combater o nazifascismo.
Severino era só um adolescente quando o mundo se despedaçava em batalhas. Ainda assim, a convocação não o assustou. ‘’Foi imediatamente. A última pergunta do questionário era essa: ‘Participaria?’ Eu botei um ‘sim’ do meu tamanho.’’
Do Brasil até a Itália, a viagem durou cerca de 15 dias a bordo de um navio americano, o United States Man. Ao desembarcar na cidade Nápoles e depois seguir para Pisa, Severino e seus colegas passaram por mais um estágio de preparação. A língua era uma barreira, porque na época a população não se atentava à importância de outros idiomas — poucos sabiam inglês, muito menos italiano. ‘’A comunicação era feita por gestos. Mas no acampamento, éramos uma irmandade. A amizade no Exército é diferente: éramos capazes de nos sacrificar por um colega”.
De volta ao seio familiar, Severino e seus companheiros foram recebidos como heróis. ‘’Foi uma festa. O Rio de Janeiro inteiro na Avenida Rio Branco, aplaudindo. As moças beijavam os soldados que chegavam, deixando-os com o rosto cheio de batom”. Mas a euforia de viver esse título e a história não durou muito tempo. “O reconhecimento durou pouco tempo. Depois veio o esquecimento. Só mais tarde, com o esforço do Exército, voltamos a ser lembrados”.
Hoje, aos 101 anos, Severino, o último pracinha vivo da história de Pernambuco, vive no bairro de Boa Viagem, Zona Sul do Recife, e mora perto da rua que leva o nome do comandante da sua companhia, o paraibano Edison Amâncio Ramalho.
No pós-guerra, ele nunca teve condições de retornar à Itália para visitar os monumentos e o cemitério de Pistóia, onde foram enterrados muitos brasileiros na época. Sem arrependimentos. “A gente lutou por um Brasil que acreditava na justiça e na liberdade. Faria tudo de novo”. Severino Gomes de Souza é um símbolo que ajuda a manter viva uma parte extraordinária da memória brasileira viva— aquela que insiste em resistir ao tempo, ao esquecimento e ao silêncio.