Polícia conclui inquérito sobre morte de mulher Adriana Barros Lima Laurentino foi encontrada morta após ter feito um procedimento com um falso médico que usou material inapropriado

Publicação: 29/05/2025 03:00

Adriana foi encontrada morta no dia seguinte do fato (REPRODUÇÃO/REDES SOCIAIS)
Adriana foi encontrada morta no dia seguinte do fato

A Polícia Civil detalhou, ontem, as informações sobre a conclusão do inquérito do caso da mulher que morreu após se submeter a uma ‘’harmonização’’ no bumbum, em uma clínica em Boa Viagem, na Zona Sul do Recife. Para a corporação, Marcelo Alves Vasconcelos “focou no lucro e não no bem-estar da paciente”, ao executar o procedimento em Adriana Barros Lima Laurentino, de 46 anos, no início deste ano. O autor foi indiciado pela polícia, por homicídio e exercício ilegal da medicina, e denunciado pelo Ministério Público de Pernambuco (MPPE).

O procedimento foi feito com polimetilmetacrilato. É uma substância conhecida como PMMA, que não é recomendado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para uso estético. Adriana Barros foi encontrada morta no banheiro de casa. A polícia mostrou no inquérito que ela se queixou de dores intensas, logo depois de ser liberada pela clínica Bodyplastia, onde se submeteu a essa intervenção.

No dia 10 de janeiro, a vítima saiu de casa por volta das 9h, sem que a família soubesse, e foi até a clínica. Após passar o dia se submetendo ao procedimento, voltou para casa por volta das 16h. No dia seguinte, foi encontrada pelo filho, desacordada e apresentando sangramento no nariz, além de estar com as pernas e o rosto escuro. “O Samu foi acionado, porém, o óbito foi constatado no próprio local”, acrescentou a polícia.

A PCPE disse que Marcelo “tinha pleno conhecimento dos riscos associados ao uso de PMMA, mas mesmo assim realizou o procedimento, assumindo o risco do resultado fatal”.

Além disso, a paciente foi atendida pela primeira e única vez no dia do procedimento, ocasião em que pagou R$ 21 mil. Não houve qualquer exame pré-operatório adequado. “O foco era o lucro, não o bem-estar da paciente. Há indícios de incentivo ao uso de grandes volumes do produto (mínimo de 180 ml), independentemente da real necessidade clínica”, acrescentou a polícia. O inquérito apontou também que Marcelo não tinha registro no Conselho Regional de Medicina de Pernambuco (CREMEPE), o que caracteriza o “exercício ilegal da medicina”.

Ainda segundo o documento, ele comparecia ao local apenas uma vez por mês. A polícia constatou, ainda, que o denunciado “tem envolvimento em um esquema de fraudes em vestibulares de medicina nos estados de Minas Gerais e Rio de Janeiro, conforme processo no TJMG”. “A conduta do autor evidencia indiferença à vida e à ética”, acrescentou.