Delegado é indiciado por lesão corporal O inquérito contra Luiz Alberto Braga, que atirou em um morador de Fernando de Noronha, foi concluído encaminhado para o MPPE

Publicação: 30/05/2025 03:00

Luiz Alberto Braga também responde a um processo administrativo disciplinar (DIVULGAÇÃO/POLÍCIA CIVIL)
Luiz Alberto Braga também responde a um processo administrativo disciplinar

O delegado Luiz Alberto Braga foi indiciado por lesão corporal gravíssima após atirar duas vezes no ambulante Emmanuel Apory, de 26 anos, durante uma briga em Fernando de Noronha. O episódio aconteceu no dia 5 de maio, em uma festa de samba no Forte dos Remédios, e resultou na amputação da perna direita da vítima. A conclusão do inquérito foi divulgada ontem pelos delegados Marcos de Castro e Sérgio Ricardo Vasconcelos, responsáveis pela investigação.

Segundo a Polícia Civil, o inquérito já foi encaminhado ao promotor Fernando Matos, que está de férias e deve analisar o material a partir do dia 6 de junho. Matos informou que poderá solicitar diligências complementares antes de decidir se apresentará denúncia por lesão corporal gravíssima ou por tentativa de homicídio. A briga teria sido motivada por ciúmes.

De acordo com os investigadores, Luiz Alberto, que estava na ilha substituindo o delegado titular e, simultaneamente, em férias, acusou Emmanuel de assediar a mulher que o acompanhava na festa. Imagens de câmera de segurança mostram o momento em que o policial aborda o ambulante com um tapa.

Na sequência, Emmanuel reage e o delegado efetua os disparos. Ferido, ele tentou fugir, mas caiu ao perder forças em uma das pernas. Ele foi socorrido no Hospital São Lucas, na ilha, e depois transferido para o Hospital da Restauração, no Recife, onde passou por quatro cirurgias antes de ter alta no dia 22 de junho.

DEFESA
O advogado do delegado, José Augusto Branco, classificou o indiciamento como “absurdo” e afirmou que seu cliente agiu em legítima defesa. “É absurda a postura dos delegados, que não se atêm aos fatos nem às provas cabais — especialmente o vídeo do momento do fato — os quais comprovam que Luiz Alberto agiu em legítima defesa sucessiva”, declarou.

Branco também criticou o que chamou de “tentativa de dar satisfação à opinião pública”, e afirmou que o indiciamento demonstra que os delegados de Pernambuco estão “desamparados no exercício de suas funções no combate ao crime”. Por outro lado, o advogado de Emmanuel, Anderson Flexa, comemorou a conclusão. “Um grande passo já foi dado: reconhecer que a ação do delegado foi ilegítima, que não houve assédio ou importunação por parte do Emmanuel, e que não é causa de legítima defesa”, afirmou.

Flexa também afirmou que a defesa ainda busca a requalificação do crime. “Nossa tese é a de tentativa de homicídio, e é com ela que vamos lutar até o fim. Ainda há uma grande batalha pela frente”, disse. Além da investigação, Braga também responde a um processo administrativo disciplinar especial, instaurado pela Corregedoria Geral da Secretaria de Defesa Social de Pernambuco (SDS). Ele foi afastado por 120 dias e teve suas armas e identificação funcional recolhidas.