Confronto de organizadas já tem 47 réus O TJPE acatou uma nova denúncia do MPPE em relação aos crimes ocorridos no dia 1º de fevereiro, antes do jogo entra Santa Cruz e Sport

MAREU ARAÚJO

Publicação: 12/06/2025 03:00

O confronto espalhou pânico pela cidade e foi considerado um dos mais graves (REPRODUÇÃO/REDES SOCIAIS)
O confronto espalhou pânico pela cidade e foi considerado um dos mais graves

O Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) tornou réus 41 membros das torcidas organizadas Explosão Inferno Coral, ligada ao Santa Cruz, e da Jovem do Leão, ao Sport. O grupo é acusado de protagonizar as cenas de violência que espalharam pânico pelas ruas da Zona Norte do Recife, horas antes do clássico entre Santa Cruz e Sport, no dia 1º de fevereiro.

Segundo a decisão, publicada na sexta-feira (6) e obtida pelo Diario de Pernambuco, 21 réus são integrantes da Explosão Inferno Coral e vão responder por homicídio tentado qualificado, associação criminosa e provocação de tumulto. Já os outros 20 acusados fazem parte da Torcida Jovem do Leão e só vão responder pelos últimos dois crimes.

A decisão acolhe nova denúncia do Ministério Público (MPPE), que foi oferecida em maio. Anteriormente, a promotoria já havia denunciado outras seis pessoas – todas integrantes da Jovem. Ao todo, 47 pessoas respondem, portanto, pelos confrontos.

Na ocasião, a magistrada afirmou que a investigação apontou que os acusados seriam habituados à prática de crimes, demonstraram “extrema periculosidade” e não temeram punição do Estado. “Estão nos autos farto material com imagens e vídeos, demonstrando a existência do crime que, em princípio, recai sobre os acusados, conforme depoimentos das testemunhas e demais documentos do inquérito”, registrou a juíza.

ESPANCAMENTO
Os confrontos entre a Inferno Coral e Jovem do Leão aconteceram nas imediações da Rua Real da Torre, na Madalena. Segundo a investigação, a organizada do Sport teria iniciado o tumulto, mas acabou dominada pelos rivais. Ao menos cinco integrantes da Jovem foram espancados. O caso mais emblemático é o do presidente João Victor da Silva, de 28 anos, que precisou ser socorrido para o Hospital da Restauração, passou por cirurgia e levou mais de 100 pontos na cabeça.

Ao receber a nova denúncia do MPPE, a magistrada também decretou a prisão preventiva de oito acusados. Metade deles é ligada à Inferno Coral: Israel Henrique de Souza Silva, André Ricardo de Almeida e Silva, Douglas Pereira da Silva e Kellvin José Santos Souza. Já a outra metade é de integrantes da Jovem. São eles: Carlos Antônio da Silva, André Luiz Oliveira Silva, Édipo Ruan Peixoto de Oliveira e Carlos Alberto de Oliveira Júnior.

No inquérito, a Polícia Civil concluiu que os conflitos envolvem gangues que representam cada organizada em diferentes cidades e bairros da capital, como “Bate Cheira”, “Bonde dos Brabos” e “12º Comando da TJL”, no caso da Jovem. Já a Inferno é apoiada por subgrupos como “Brota Brota”, “Mano a Mano”, “Bonde do Orochi”, “Estrala” e “Os Capetas”.

JOVEM
Em nota, o advogado Ivison Tavares, que representa sete acusados da Jovem, afirma que a prisão seria “totalmente desnecessária” e “excessiva”, sugerindo que medida cautelar diversa seria “mais adequada”.

Ele representa os quatro integrantes da torcida que tiveram a prisão decretada. “Mesmo em eventual condenação, os mesmos não seriam condenados a regime fechado, em razão dos tipos penais imputados em desfavor deles”, declarou.

Tavares também defende outros três réus do processo – Sidney Barbosa Olino, Alex Sandro de Melo Souto e Diogenes da Silva. “Sobre eles, a defesa irá analisar a individualização da conduta e fará a instrução da forma que eles respondam apenas pelo que supostamente fizeram, e que não seja atribuída a eles tipos penais genéricos”, disse.

INFERNO

Já os advogados Lozymayer Renato e Guilherme Monteiro, que defendem 11 integrantes da Inferno, afirmam que os acusados colaboraram com as investigações e se apresentaram espontaneamente. Sustentam, ainda, que a denúncia por tentativa de homicídio seria desproporcional, já que alguns réus não agrediram a vítima.

Para os advogados, o decreto de prisão também seria “injustificável”, uma vez que os alvos seriam réus primários e teriam residência fixa e trabalho lícito. No processo, eles representam os réus Alexandre Rodrigues, Adriano Miguel, Chrystyann Renald, Kleytonny Oliveira, Luiz Henrique Mesquita, Tulio Melo, Kellvin José, Douglas Pereira, André Ricardo, Lucas Pereira e Israel Henrique.

Por sua vez, os advogados Juliana Galvão e Rodolfo Oliveira, que representam Diogo Felipe Galvão Nunes, ligado à Inferno, só se manifestaram contra a publicação desta matéria, sem se posicionar sobre o envolvimento do cliente nos conflitos.