PM reformado é condenado por júri Apesar de ter cometido o crime, o então policial militar chegou a ser promovido a major da reserva. Antes do julgamento, ela só tinha ficado preso por 99 dias

Publicação: 13/06/2025 03:00

Dário matou a mulher com dois tiros na cabeça, enquanto os filhos do casal dormiam (REPRODUÇÃO)
Dário matou a mulher com dois tiros na cabeça, enquanto os filhos do casal dormiam

O policial militar da reserva Dário Ângelo Lucas da Silva, de 51 anos, foi condenado ontem a 21 anos, 2 meses e 15 dias de prisão por matar a esposa, a comerciante Yana Luiza Moura de Andrade, de 30 anos. O crime ocorreu em janeiro de 2013 no município de Paulista, no Grande Recife, e a vítima foi atingida por dois tiros no rosto.

O júri popular desconsiderou os argumentos apresentados pela defesa e acatou a tese do Ministério Público de Pernambuco. Conforme a acusação, o crime foi cometido por motivo fútil e sem possibilidade de defesa por parte da vítima. Ele foi condenado por homicídio qualificado.

Durante o julgamento, o réu admitiu ter sido o autor da morte da companheira. Ele narrou os eventos da noite do crime, mas recusou-se a responder às perguntas formuladas pela promotoria.

PROMOÇÃO
Dário, que ocupava a patente de sargento da Polícia Militar à época, permaneceu detido por três meses. Posteriormente, foi promovido a major da reserva e, anos depois, concluiu o curso de Direito, obtendo registro profissional na Ordem dos Advogados do Brasil em Pernambuco (OAB-PE).

No decorrer do processo, a promotoria destacou que, apesar de o réu não ter sido enquadrado por feminicídio (qualificadora que foi instituída na legislação brasileira apenas em 2015), a prática criminosa apresentou um contexto de violência de gênero.

A defesa de Dário Ângelo reconheceu a autoria do crime, mas solicitou ao júri que as qualificadoras de motivo fútil e impossibilidade de defesa não fossem consideradas. O júri, contudo, não aceitou o pedido, resultando na condenação por homicídio duplamente qualificado.

O assassinato ocorreu na residência da sogra do réu, enquanto os dois filhos do casal dormiam em um cômodo adjacente. Segundo os autos, ele disparou dois tiros que atingiram a cabeça de Yana, que não resistiu e morreu. A motivação do crime seria ciúmes.

Ainda no dia do crime, Dário, que era capitão da Polícia, se apresentou no Centro de Reeducação da Polícia Militar de Pernambuco (Creed), confessou o crime e foi preso. Ele teve liberdade concedida em abril de 2013, 99 dias após o crime. Desde então, permaneceu em liberdade.