ACERVO PATRIMÔNIO NACIONAL » Faltam 100 dias para o bicentenário do Diario O mais antigo jornal em circulação do Hemisfério Sul celebra seus 200 anos no dia 7 de novembro, sempre registrando fatos locais, nacionais e internacionais

ADELMO LUCENA

Publicação: 30/07/2025 03:00

Imagem mostra a antiga redação do jornal, no centro do Recife, em agosto de 1970 (ARQUIVO/DP)
Imagem mostra a antiga redação do jornal, no centro do Recife, em agosto de 1970

Tem início, hoje, a contagem regressiva para um dos momentos mais marcantes da história da imprensa brasileira: os 200 anos do Diario de Pernambuco, o jornal mais antigo em circulação do Hemisfério Sul. O marco será celebrado no dia 7 de novembro de 2025, marcando dois séculos de produção jornalística.

Fundado em 1825, o jornal foi criado pelo tipógrafo e jornalista Antonino José de Miranda Falcão, que publicava uma folha com anúncios e pequenos informes de interesse local, no centro do Recife. A edição inicial, impressa na antiga Rua Direita, custava apenas 40 réis.

Com o passar dos anos, o Diario aumentou a sua presença na cobertura dos debates políticos e sociais do país, especialmente a partir do século 19, quando passou a circular com matérias de opinião e cobertura dos acontecimentos nacionais e internacionais.

Ao longo de sua trajetória, o jornal acompanhou e registrou eventos históricos do Brasil. Do Segundo Reinado até a Proclamação da República. Das lutas abolicionistas às revoluções locais. Foi testemunha da história pernambucana, destacando-se durante episódios como a Revolução Praieira, em 1848, e o processo de redemocratização do século 20.

TIROS
Um dos momentos mais marcantes de sua história ocorreu em 1945, quando o estudante Demócrito de Souza Filho foi assassinado em frente ao jornal pela polícia do Estado Novo, em um episódio que simbolizou o enfrentamento do jornal às tentativas de cerceamento da liberdade de imprensa.

Na comemoração do centenário, em 1925, o jornal circulou em uma edição especial com 60 páginas, trazendo na capa uma ilustração de autoria do pintor Manuel Bandeira. No ano de 2016 o jornal unificou as edições de sábado e domingo, transformando-as em uma “super edição”. 

Ao longo destes 200 anos, o Diario de Pernambuco consolidou-se como um repositório da história brasileira. 

O acervo, composto por edições que cobrem a vida nacional desde o Império, foi reconhecido oficialmente como patrimônio cultural material do Brasil pela Lei 15.027, sancionada em novembro de 2024. O jornal também é Patrimônio Imaterial Histórico e Cultural do Recife. Para marcar a data, o Diario iniciou, em abril, uma programação especial, começando com a contagem regressiva dos 200 dias para o bicentenário.