PM condenado recebe salário acima de R$ 15 mil
Atualmente, o homem é major da reserva com direito a seus vencimentos, mesmo tendo recebido uma sentença de 20 anos de prisão da Justiça
LARISSA AGUIAR
Publicação: 31/07/2025 03:00
Um major da reserva da Polícia Militar de Pernambuco, acusado há quase 16 anos de liderar um esquema de furto de armamentos pesados e de forjar o sequestro da própria esposa e filha, ainda figura nas fileiras da corporação e recebe salário mensal superior a R$ 15 mil. A denúncia foi revelada pelo Jornal do Commercio, e confirmada pelo Diario de Pernambuco que entrou em contato com a Secretaria de Defesa Social (SDS) e com o Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) para entender a razão da permanência do militar no quadro da PM.
O caso envolvendo o major Marcos Vinícius Barros dos Santos, de 53 anos, remonta a outubro de 2009, quando, segundo investigações do Grupo de Operações Especiais (GOE), ele e outros comparsas roubaram 62 armas de fogo, entre fuzis, metralhadoras e pistolas, de unidades militares do Sertão. O grupo afirmou, à época, que havia recolhido o arsenal a mando de criminosos que supostamente mantinham reféns a esposa e a filha do major. A narrativa, porém, foi desmontada pela investigação.
A apuração foi concluída no ano seguinte, com a prisão dos envolvidos. Mesmo assim, o major não foi desligado da PM. Em 2019, ele foi promovido e transferido para a reserva. Em 2021, foi preso novamente, desta vez pela Polícia Federal, suspeito de envolvimento com uma quadrilha que furtava envelopes de dinheiro de caixas eletrônicos.
Atualmente, o major cumpre pena em regime aberto. Ele foi condenado, em primeira instância, a 20 anos de prisão por peculato e cárcere privado. Segundo a SDS o processo administrativo disciplinar contra o oficial foi concluído em 2013. “Por obrigação legal, o processo foi enviado ao Poder Judiciário, solicitando a incapacidade do policial em continuar integrando as fileiras da Corporação”, disse a SDS, acrescentando que aguarda até hoje uma decisão definitiva da Seção Criminal do TJPE.
Já o Tribunal confirmou que o militar responde a uma ação penal em curso na Vara da Justiça Militar. Mas, segundo o TJPE, o processo não interfere diretamente no trâmite administrativo de exclusão do militar da corporação. “O procedimento de perda do posto e da patente tramita exclusivamente na Secretaria de Defesa Social”.