MPPE quer aumentar pena de feminicida Condenado, Jorge Bezerra da Silva fez ameaças no julgamento. Recurso alega que o agravante de motivo torpe deveria ser levado em conta

Publicação: 30/07/2025 03:00

Priscilla Monnick, de 28 anos, foi asfixiada e esfaqueada pelo condenado em 2022 (REPRODUÇÃO/REDES SOCIAIS)
Priscilla Monnick, de 28 anos, foi asfixiada e esfaqueada pelo condenado em 2022

O Ministério Público de Pernambuco (MPPE) entrou com recurso para aumentar a pena de Jorge Bezerra da Silva, que foi condenado em júri popular pelo feminicídio da ex-companheira, a cabeleireira Priscilla Monnick Laurindo da Silva, de 28 anos, no Recife. O crime aconteceu em 2022. Marcado por ameaças de morte do réu contra o promotor e a irmã de Priscilla, o julgamento terminou com a condenação de Jorge Bezerra a 29 anos e 8 meses de prisão, em regime fechado, na sexta-feira (25).

Na ocasião, o Conselho de Sentença o considerou culpado por homicídio doloso – praticado por questão de gênero, meio cruel e sem chance de defesa para a vítima. O MPPE, no entanto, entrou com embargos de declaração em que alega que o agravante de “motivo torpe” também deveria ter sido considerado na sentença.

Segundo a promotoria, Jorge Bezerra teria matado Priscilla por vingança, uma motivação fútil, ao responsabilizá-la por uma prisão anterior. O pedido  do MPPE ainda não foi julgado.

Ao fixar a pena do feminicida, o juiz Abner Apolinário da Silva, do Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE), escreveu uma sentença dura contra Jorge Bezerra. De acordo com o processo, ele assassinou Priscilla a facadas no pescoço, dadas pelas costas, e a asfixiou em seguida.

“O feminicídio neste país, seja na sua modalidade consumada ou tentada, não é mais uma epidemia, mas uma pandemia”, registrou o magistrado. “O cancioneiro popular traz a estrutura semântica de que no feminicídio ‘quando não mata fere’”, escreveu. “Trata-se de praga maldita, notadamente do extermínio de mulher”.

Além disso, o MPPE está se se mobilizando para prestar atendimento social e apoio psicológico para a irmã da vítima, Vitória da Silva Souza, ameaçada pelo condenado.  A ideia é incluir Vitória nos atendimentos realizados pelo Núcleo de Apoio às Vítimas (NAV) do MPPE. O pedido foi feito pelo promotor do caso, Daniel de Ataíde Martins.