Moradora é condenada em caso de racismo A mulher terá que pagar uma indenização de R$ 10 mil ao zelador do prédio após ter atacado o homem com ofensas racistas, registradas ainda em livro

JORGE COSME

Publicação: 12/06/2025 03:00

A decisão da Justiça estadual foi tomada em uma ação cível. A criminal ainda tramita (ASSIS LIMA/TJPE)
A decisão da Justiça estadual foi tomada em uma ação cível. A criminal ainda tramita

Uma moradora de um prédio no bairro das Graças, Zona Norte do Recife, foi condenada a indenizar um zelador em R$ 10 mil por injúria racial. Segundo o processo, a mulher de 56 anos teria dito que não queria que um “macaco” limpasse seu corredor e que ele fazia “a dança de um macaco”.

A condenação, que foi publicada pela 6ª Vara Cível da Capital na última segunda-feira (9), trata de episódio que ocorreu em 23 de janeiro deste ano. Além da ação cível, a mulher também responde a um processo criminal.

Segundo o Ministério Público de Pernambuco (MPPE), o trabalhador, um homem negro, realizava limpeza do hall de um dos andares do edifício, acompanhado do gerente do condomínio, quando foi abordado pela moradora. Ela estava visivelmente exaltada e gritando: “Esse macaco não venha mais aqui no meu corredor limpar, pois eu não quero que um macaco limpe meu corredor”. O gerente teria tentado intervir, mas a mulher continuou com as ofensas. Em seguida, ela se dirigiu à portaria do prédio e registrou no livro de ocorrências do condomínio que o zelador estava fazendo “a dança de um macaco”.

De acordo com a investigação, a mulher já tinha histórico de difamação e injúrias a trabalhadores do prédio. “A conduta da denunciada não se tratava de um episódio isolado, uma vez que ela reiteradamente profere ofensas contra funcionários e moradores”, diz a promotora Rosângela Alvarenga no processo criminal. A declaração da promotora se baseia no inquérito da Polícia Civil, que concluiu estar configurado o crime de injúria racial. 

No interrogatório à polícia, a acusada declarou ter solicitado à síndica que o zelador não realizasse a limpeza do corredor em frente ao seu apartamento por sofrer de reações alérgicas. Ela disse que foi um erro definir o gesto do profissional como “dança de macaco” e que sua intenção era relatar que se tratava de uma dança de deboche, “sem qualquer conotação racial ou discriminatória”.