Pelas ruas que andei No dia dos aniversários do Recife e de Olinda, o Viver inaugura projeto sobre músicas inspiradas nas cidades-irmãs

CAMILA SOUZA
LUIZA MAIA
edviver.pe@dabr.com.br

Publicação: 12/03/2014 03:00

Alceu canta frevo inédito para projeto especial do Viver (PAULO PAIVA/DP/D.A PRESS)
Alceu canta frevo inédito para projeto especial do Viver
Em uma das músicas mais emblemáticas sobre o Recife, Reginaldo Rossi (1943-2013) é taxativo: “devo cantar a minha cidade, o meu lugar”.  Também apaixonados por cantinhos do Recife e de Olinda, outros artistas prestaram homenagens às cidades-irmãs.

Hoje, data dos aniversários de 477 anos do Recife e de 479 de Olinda, o Viver inaugura o projeto Pelas ruas que andei, com versões impressa e online, sobre músicas inspiradas em ruas e recordações de 20 cantores e compositores. A cada semana, o site contará em texto e vídeo histórias por trás das composições e as relações dos artistas com as cidades, além de sessões de fotos e faixas para audição.

O convidado de estreia é o pernambucano Alceu Valença. O próximo será Alexandre Urêa, da Academia da Berlinda, seguido de Fred 04, da Mundo Livre S/A.

Alceu conta a história da letra inspiradora da série, lançada no disco Cavalo de pau (1982) e passeia por lugares como a Faculdade de Direito do Recife, frequentada por ele entre 1965 e 1969, quando se formou. Lá, volta ao banco com escultura de leão no encosto em que conheceu Eneida, primeira esposa e mãe do filho Ceceu,e recorda a presença de militares logo após a eclosão do AI nº 5, em 1969, durante a ditadura.

Quando escreveu Pelas ruas que andei, Alceu já havia deixado o Recife, cidade que o acolheu após a saída de São Bento do Una, no Agreste, aos 7 anos. “Eu nasci em São Bento do Una, depois renasci no Recife. Fui para o Rio de Janeiro, mas não quis nascer lá. Minha mãe de fantasia veio grávida e eu nasci de novo em Olinda. Eu nasci em Lisboa, também”, brinca, sobre os lugares com os quais mantém relação afetiva.

Da casa na Rua dos Palmares, o artista costumava caminhar para os colégios João Barbalho e Nóbrega, onde estudou, e para as quadras de basquete do Clube Náutico, nos Aflitos. Ele morava em uma casa vizinha à do compositor Nelson Ferreira, um dos responsáveis pela paixão pelo frevo, que não existe mais. A rua não tinha calçamento.

O campinho de futebol virou igreja evangélica. A pé, cumpria os compromissos juvenis. Como diz a música, ia da paquera no Clube Internacional, na Madalena, à casa de veraneio em Boa Viagem.

O hábito persiste nas ruas do Leblon, no Rio, onde reside, ou de Lisboa, Portugal, destino das férias. Do Recife, reclama do trânsito e das mudanças na paisagem, insuficientes para frear a inspiração que a cidade lhe provoca. E aproveita para mostrar com exclusividade ao Viver um frevo inédito, Calendário vazio.

Caminho

Inédita
Pelas ruas que andei não é a única canção de Alceu sobre o Recife. A cidade é reverenciada também em Belle de jour, No romper da Aurora (saiba mais no hotsite) e em uma inédita, o frevo Calendário vazio, gravada com exclusividade para o Viver.

Calendário vazio
Recife, tu fostes minha
Por 15 anos a fio
Teu porto, Boa Viagem
Teus mares e meus navios
Para os destinos ciganos
Que calendário vazio
Em dezembro, pá na estrada
Janeiro, verás o rio

Os próximos
A cada semana, cantores e compositores vão recordar a história de uma música dedicada ao Recife ou a Olinda. Saiba quem vem por aí.