Um anúncio sacramentou o que muitos já esperavam. Durval Lelys e o Asa de Águia vão tomar caminhos diferentes nos próximos meses, engrossando o caldo dos artistas baianos que deixam para trás os grupos com o quais se consagraram. Em vídeo divulgado na internet, anteontem, o músico e idealizador do projeto, com 27 anos de trajetória, comunicou que a banda vai parar por tempo indeterminado, enquanto ele seguirá em carreira solo. Por questões contratuais, na Semana Santa de Gravatá, sábado, o vocalista se apresenta apenas como Durval Lelys, mas na companhia do grupo, um dos braços fortes do axé music, desde o fim da década de 1980.

A decisão não surpreendeu. Desde o ano passado, boatos e especulações sobre o fim da parceria ganharam os fóruns dedicados ao Asa nas redes sociais. O burburinho motivou Lelys a anunciar oficialmente a escolha de se “afastar de todas as estruturas empresariais” às quais pertence e ajudou a criar. O motivo seria uma vontade pessoal do artista. “Meu único objetivo com isso é passar a me dedicar com exclusividade a criar, tocar e cantar, as coisas que mais gosto de fazer nessa vida”, revelou em vídeo (confira no QR Code ao lado).

Proprietário da Duma Criações e Produções Artísticas, empresa que administra a carreira do Asa, Lelys é sócio de Marcelo Brasileiro e, segundo noticiaram veículos baianos, existe uma vontade unilateral de encerrar as atividades da agência. Por questões burocráticas – o que inclui a indenização de dezenas de funcionários, a decisão ainda não foi tomada.

Curiosamente, o vocalista considerou a vontade de seguir em carreira solo em outubro de 2013, um mês depois de Bell Marques anunciar a saída do Chiclete com Banana. Juntas, as duas bandas foram responsáveis por consolidar e popularizar o movimento surgido na Bahia. Enquanto Bell adotou de maneira pioneira o modelo atual do trio elétrico, Durval idealizou o abadá como conhecemos hoje, junto com Pedrinho da Rocha, em 1994.

O Asa e Lelys têm história. São 24 CDs, cinco DVDs, mais de 5 milhões de álbuns vendidos e muitos hits – Dança do vampiro, Dança da manivela, Dança da tartaruga, Casamento não, Não tem lua e O dia do Asa. No carnaval baiano, a banda tem os blocos mais disputados da avenida, o CocoBambu e o Me abraça, além de levar às micaretas a dobradinha Ivete Sangalo e Asa, com o Cerveja & Coco. Durante o ano, o grupo ainda circula nacionalmente com alguns projetos indoor, como o Trivela, o Asa Beach e o Asa Fest. Ainda não se sabe ao certo se tudo chegou ao fim. A ideia, segundo Lelys, é preservar a marca e a banda. Quem ficará à frente, é uma incógnita. O cantor segue sozinho.

Fora do barco

Tatau
Ara Ketu
Passou quatro anos afastado da banda, mas retornou em 2012. Nesta semana, veio o anúncio de que deixará o grupo definitivamente em 2015. Por causa de um contrato sem possibilidade de quebra, não pode sair antes da data fixada.

Saulo Fernandes
Eva
O anúncio da saída veio em 2012. Mas o cantor cumpriu agenda até o carnaval de 2013. Os motivos não foram esclarecidos na época. Nos bastidores, contudo, os comentários eram de que Saulo queria gerenciar a própria carreira. Felipe Pezzoni assumiu.

Alline, Rosa
Cheiro de amor
Depois de dez anos à frente da banda, a cantora resolveu seguir em carreira solo neste ano. A decisão surgiu por uma vontade pessoal da vocalista, que queria passar por outras experiências. A pernambucana Vina Calmon ocupou o posto deixado por Alline.

Bell Marques
Chiclete com banana
Por causa de divergências internas com outros integrantes do grupo, Bell tomou a decisão de caminhar sozinho após o carnaval de 2014. Já lançou um novo CD, o Vumbora, e segue fazendo shows acompanhados dos filhos músicos.

Léo Santana
Parangolé
Cheio de moral, após emplacar uma sequência de hits nas paradas – Rebolation foi um deles, o cantor oficializou a carreira solo neste ano. Em nota, a assessoria da banda negou confusões: “Léo sai como entrou, muito bem”.