Pedro da Hora
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Publicação: 05/05/2014 03:00
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Maquiagem, vestido, peruca, lenço e óculos são utilizados para dar vida à personagem. Técnica apurada por mais de 20 anos de prática. A transformação leva cerca de uma hora, tempo que Jeison Wallace, 47 anos, leva para se transformar em Cinderela. A personagem, que é uma das mais icônicas da televisão pernambucana, celebra um ano de Clube da Cinderela, na TV Clube/Record, neste mês de maio. Hoje, às 23h15, ele participa do programa Roberto Justus +, sendo entrevistado pelo apresentador no quadro Criador e criatura.
Nascido e criado em Afogados, Jeison Mendes da Silva Ribeiro (o Wallace foi inspirado no namorado da tia) teve infância humilde. Alimentava o sonho de ser cantor, apresentava paródias e imitava trejeitos. “Era a alegria do beco. Tirava onda com todo mundo, mexia com a ‘ferida’ (dos moradores). Foi daí que tirei personagens e situações que levo para o teatro”, conta.
O início nas artes cênicas aconteceu aos 16 anos. “Eu sentia que tinha talento para atuar, mas precisava me enturmar”, afirma. Fez curso de iniciação ao teatro com Antônio Carlos Gomes do Espírito Santos, o Carlão, do grupo Colcha de Retalhos. Três meses depois, foi incorporado ao elenco. “Minha maior incentivadora foi minha mãe, que tirava até dinheiro da feira para viabilizar minha participação. Quando consegui meu lugar ao Sol, a levei para morar comigo”, lembra.
A guinada profissional veio com a criação da Trupe do Barulho, formada por Jeison e amigos. A inspiração para Cinderela surgiu de um espetáculo produzido para ser apresentado em boates. “A trupe pegou o texto do dramaturgo Henrique Celibi e transformou em peça, com quase duas horas de duração”, conta o ator. Cinderela, a história que sua mãe não contou estreou em 1991 e ficou sete anos em cartaz. A época também marcou o desligamento do artista da trupe. “Todo casamento um dia acaba. Eu saí para fazer meus projetos”, recorda.
Cinderela e seu intérprete ganharam Pernambuco e, em seguida, o Brasil. No currículo, programas de TV e de rádio, peças e músicas. Atualmente, a caricata personagem pode ser vista de segunda a sexta-feira, às 13h45, no Clube da Cinderela, e no espetáculo Em briga de marido e mulé ninguém mete..., parceria com Zé Lezin (Nairon Barreto). “Eu me orgulho de fazer sucesso no lugar onde nasci”.
Por ele mesmoAtor e apresentador leva uma hora para se transformar na personagem
Rotina
“Minha rotina é trabalho. Eu só trabalho e durmo. Tem dia que a gravação vai até às 23h”, diz. Geralmente, o horário das gravações dita o toque do despertador. “Meu momento de inspiração é na madrugada”.
Lazer
“Quando não tenho nada pra fazer, meu refúgio são essas praias distantes. Maragogi, São José da Coroa Grande, Itamaracá, João Pessoa. Desligo o telefone. A TV é meu passatempo predileto. Durmo com ela ligada. Vou zapeando. Gosto de ver novela, programa de auditório. Nunca vou ao cinema, prefiro o DVD”, conta.
Teatro
A parceria entre Zé Lezin e Cinderela continua em cartaz. A dupla costuma se apresentar em outros locais do Nordeste. “Onde a gente vai, fica lotado. Zé Lezin é o cara”, afirma. Outro espetáculo com a assinatura de Jeison Wallace é Mãezona. “Eu criei para Flávio Luiz (protagonista). O conheço há muito tempo”, conta.
Cinema
“Nós já pensamos. Tem um projeto para levar Cinderela, a história que sua mãe não contou para o cinema. Um roteiro já está pronto. Mas é muito difícil produzir um programa diário e com peças viajando por Pernambuco. Esse projeto foi ficando para trás”.
Música
Como Cinderela, Jeison gravou cinco CDs. Dois de carnaval, com participações, e três com canções de teor cômico. “Quero um dia fazer um ‘cedezinho’ de bossa nova. Músicas sérias, digamos assim”.
Público
“As pessoas me reconhem porque já apareci muito de ‘cara limpa’, apesar de fazer tempo que não apareço assim. Muitos anos mesmo, entre 10 e 15 anos. A pessoa diz que conhece, assiste, e quer tirar foto. Às vezes, me identificam pela voz”.