Começo gigante Papel de estreia em Casa grande rende à pernambucana Clarissa Pinheiro prêmio de melhor atriz coadjuvante no Paulínia Film Festival

Júlio Cavani
juliocavani.pe@dabr.com.br

Publicação: 29/07/2014 03:00

Recifense de 31 anos, Clarissa foi aclamada pelo papel em Casa grande, longa premiado no primeiro festival nacional em que foi exibido (PEDRO SOTERO/DIVULGAÇÃO)
Recifense de 31 anos, Clarissa foi aclamada pelo papel em Casa grande, longa premiado no primeiro festival nacional em que foi exibido

Paulínia - Clarissa Pinheiro é o nome da pernambucana que ganhou o prêmio de melhor atriz coadjuvante domingo à noite no Paulínia Film Festival. Entre suas concorrentes estavam Fernanda Montenegro (indicada ao Oscar em 1999) e Sandra Corveloni (vencedora da Palma de Ouro no Festival de Cannes em 2008). Ela foi premiada por sua participação no filme carioca Casa grande, onde vive a empregada de uma família em decadência econômica.

Dirigido por Fellipe Barbosa, Casa grande ainda está inédito em Pernambuco. A primeira projeção no estado ainda não foi definida, mas deve ocorrer em algum festival até o fim do ano. A primeira exibição no Brasil ocorreu em Paulínia, mas o filme já havia passado por lugares como Roterdã (Holanda), Sydney (Austrália), Nova York (EUA) e Toulouse (França), onde ganhou três prêmios. Como este é o primeiro papel de Clarissa no cinema, pode-se dizer que seu trabalho é conhecido no exterior, mas ainda não na sua própria cidade.

Clarissa Pinheiro de Oliveira e Silva nasceu no dia 6 de janeiro de 1983 no Recife. Passou a infância em Jardim Atlântico (Olinda) e a adolescência no Espinheiro (Recife). “Estudei no Instituto Helena Lubienska e tenho muita alegria de dizer isso.
Depois fui para o Colégio São Luiz, que é aquela burguesia”, brinca a atriz. Aos 19 anos, chegou a participar de peças, como Flicts, apresentada no Teatro Barreto Júnior (“eu era a cor azul, uma cor romântica”). Depois de formar-se em jornalismo na Universidade Católica de Pernambuco em 2004, mudou-se para o Rio de Janeiro, onde também trabalha como assistente de câmera e editora de vídeo.

Em Casa grande, Clarissa interpreta a empregada Rita, que tem uma forte ligação afetiva com o adolescente Jean (Thales Cavalcanti), filho do dono da mansão onde ela trabalha (Marcelo Novaes). “Ela é aquela pessoa com quem o menino sente liberdade para experimentar certas coisas. Não é aquela coisa do patrão que pega a escrava. Existe um fetiche também do outro lado”, comenta a respeito da condição de sua personagem, “mas é lógico que não podemos fechar os olhos para alguns detalhes”.

“Ela me deu a personagem”, conta Fellipe Barbosa, que a conheceu como sua aluna em um curso de direção na Escola de Cinema Darcy Ribeiro. “Fizemos algumas de suas principais cenas sem usar o roteiro. Acho a voz dela muito boa, incrível. Espero que esse filme impulsione sua carreira”, deseja o cineasta.

“Casa grande é um marco na minha vida”, constata Clarissa. “Me senti à vontade para fazer Rita, inclusive por causa do sotaque, já que ela é nordestina”, avalia. Ela só decidiu assumir a carreira de atriz depois de adulta, mas percebe que sempre teve talento: “Quando era criança, vivia fazendo mungangas”.

Pelo mundo

- Rotterdam International Film Festival (Holanda)
- Cinélatino Rencontres de Toulouse (França) - três prêmios (júri popular,crítica internacional e crítica francesa)
- BAFICI (Argentina)
- CPH:PIX (Dinamarca) - Menção Especial do Júri
- Jeonju International Film Festival (Coreia do Sul)
- Seul International Agape Film Festival (Coreia do Sul)
- Off Plus Camera (Polônia)
- Sydney Film Festival (Austrália)
- Taipei Film Festival (China)
- Munich International Film Festival (Alemanha)
- Latinbeat at Lincoln Center (Nova York, EUA)
- Golden Apricot Yerevan International Film Festival (Armênia)
- Paulínia Film Festival (Brasil) - Vencedor dos troféus de melhor roteiro, atriz coadjuvante, ator coadjuvante e Prêmio Especial do Júri)