Iara, sereia e monstro
Dois livros enxergam de maneira diferente a lenda disforme do folclore brasileiro
Publicação: 20/07/2014 03:00
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Traços do quadrinista Silvino, ilustrador do Diario, refletemamística emtorno da personagemtemida por índios |
No conto Uma gota de sangue, o protagonista trabalha nos preparativos para a inauguração de um hotel. Quando vai fumar à beira da piscina, vê uma mulher nua e encolhida sob uma concha de mármore. Ao enxergá-la de perto, percebe que, ao invés de olhos, ela possui cavidades escuras no rosto, onde brilham luzes esverdeadas capazes de sugá-lo. A boca da Iara se transforma em um focinho comprido, invade a cabeça do homem por meio do canal auditivo, desmancha e suga-lhe o cérebro.
De maneira mais tradicional, a histórica também é contada (e desenhada) pelo quadrinista Laerte Silvino, ilustrador do Diario, na HQ A Iara: Uma lenda indígena (Nemo, 56 páginas, R$ 42). Em volta da fogueira, o pajé Kapot conta como uma bela e habilidosa índia matou os irmãos e, por isso, foi jogada no fundo do rio pelo próprio pai. Transformada em criatura que leva os homens à morte, ela é temida por todos da aldeia. “Errados são os que acham que a morte tem a forma feia. A morte é bonita e tem forma de mulher. A morte tem um nome, e ela se chama Iara”, resume o velho índio.