O poderoso chefão

Em Império, Alexandre Nero entra em cartaz no horário nobre bem diferente do mau caráter que viveu em Além do horizonte, última novela das sete da Globo. Na pele de José Alfredo, o Comendador, ele mostrará uma nova faceta na TV, com direito a uma roupagem bem distante da sua realidade. A novela estreia nesta segunda-feira, substituindo Em família. O texto é de Aguinaldo Silva, com direção geral de Pedro Vasconcelos e André Felipe Binder e de núcleo de Rogério Gomes.

O personagem de Alexandre Nero é um homem de 50 anos, de origem humilde, que constrói um império após uma frustração amorosa. Nero passou por um processo de caracterização e construção que o tornaram uma espécie de “poderoso chefão brasileiro”. José Alfredo é o primeiro protagonista do ator na Globo, onde estreou em 2008, na novela A favorita, e, de lá para cá, vem galgando seu lugar ao sol. O caminho que Nero percorreu foi o de dar o melhor de si a cada oportunidade. Com Aguinaldo Silva, ele brilhou na pele do motorista Baltazar, em Fina estampa (2011).

Entrevista >> Alexandre Nero

Você desejava ser protagonista? Buscava uma oportunidade como esta?
Não era algo que eu almejava. Não vejo o protagonista com esse peso todo. Hoje, uma novela é bem diferente do que era antigamente. Eu sou o protagonista porque a novela se chama Império e traz a história de uma rede de lojas Império. A partir daí, as histórias começam a se desenrolar. Muitas vezes, o protagonista é o que menos faz gol. Ele está ali mais para passar a bola para quem vai fazer o gol.

Como foi o processo de caracterização para chegar neste homem que é mais velho do que você?
Existem uns truques para aumentar a idade que a gente está fazendo, mas eu não vou revelar. Tem um branco a mais no cabelo, um peso que o personagem carrega nas costas, e a maneira como ele anda. Primeiro, é necessário lembrar que eu não sou criança. Eu tenho 44 anos e esse personagem tem 50 anos.
Como descreve o personagem?
Ele consegue com o poder muitas coisas que não tinha. O pensamento do José Alfredo é muito simples. Dá valor ao dinheiro porque as pessoas dão.

Mas vocês são muito diferentes? Você tem medo de envelhecer? Como encara a passagem dos anos?
Eu sou um cara contemporâneo. Sou um artista, eu me visto de um jeito que esse cara jamais iria se vestir. Tenho tatuagem. Eu sou jovial, um jovem senhor. Ele é mais tradicional. Porém, a gente não pode pensar que ainda hoje um homem de 50 anos é como era o meu pai quando tinha 50 anos. O Papinha (o diretor Rogério Gomes) tem 60 anos, é jovem, é surfista. Hoje, um homem de 50 anos é um homem bem cuidado. O José Alfredo é um cara forte. Um cara que passe a idade que tem, mas que tenha muita força. Eu adoro ter cabelo branco, olheira, ruga etc. Não tenho problema algum com isso.

De Alexandre Nero

A carreira de ator começou no teatro, em 1995, no espetáculo Chicago 1930.

Além de ator, Nero também canta e compõe. Já lançou três discos solos, como o mais recente, Vendo amor, em 2011.

O ator estreou na televisão, em 2007, na série Casos e acasos.
A primeira novela foi A favorita (2008), de João Emanuel Carneiro, em que viveu o verdureiro Vanderlei, contracenando com Lília Cabral, sua parceira em Império.

Em Fina estampa, também de Aguinaldo Silva, viveu o segurança homofóbico Baltazar Fonseca, que ganhou extensão no filme Crô (2013).

Em números

20
anos de carreira

7
novelas

6
filmes