O sucesso mora no barril
Ícone de uma geração, seriado mexicano Chaves completa 30 anos
de exibição
na TV brasileira
neste domingo
Publicação: 24/08/2014 03:00
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Um dos bordões do menino órfão logo caiu na boca do povo: “Foi sem querer querendo”, disparado por Chaves, interpretado pelo ator mexicano Roberto Gomez Bolaños , sempre que queria pedir desculpas para alguma coisa. A primeira aparição do personagem foi 20 de junho de 1971, no Canal 8, do México, um ano depois de Chapolin. Foram oito temporadas, com 290 episódios ao todo. Com seus oito anos e nome verdadeiro desconhecido, Chaves – no México, a série Chaves é chamada El Chavo del Ocho e Chavo, que significa menino ou moleque, virou Chaves na tradução brasileira –, a criança pura e ingênua e que ainda por cima tinha como morada um barril e vivia da caridade do pessoal da vila, tornou-se um verdadeiro fenômeno.
Prova disso é que até hoje tem uma legião de fãs, que sempre se mobiliza quando a atração deixa de integrar a grade da emissora, onde, atualmente, vai ao ar às 18h. Na comédia de costumes, o humor é voltado para adultos, embora o protagonista da trama seja um garoto de apenas oito anos e, por isso mesmo, também tenha tornado muitos pequenos seu público cativo. Não é de se surpreender, portanto, que uma criança daquela idade faça artes. Mas Chaves é sempre o “culpado” imediato de tudo. “Ninguém tem paciência comigo”, costuma se queixar em outro de seus bordões, reclamando da perseguição de moradores como o Seu Madruga (Don Ramón). Mas, a adorável criança tem um trunfo que surpreende a todos e, com certeza, emociona os fãs de tantos anos: apesar da vida adversa, é feliz. Simples assim.
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Aos 85 anos e com saúde frágil, Bolaños ainda é casado com Florinda |
Quem era?
Em 2006, o criador, produtor e intérprete da série, Roberto Gómez Bolaños, falou sobre o personagem no livro O diário de Chaves (Editora Objetiva, 160 páginas, R$ 12,90). O garoto havia fugido de um orfanato, no qual foi deixado pela mãe. Ele foi parar em uma vila e acabou abrigado por uma idosa no apartamento número 8. Com a sua morte, Chaves foi despejado e acabou morando em um barril. Seu verdadeiro nome nunca foi revelado na série.
Grande Chespirito
No México, ele é conhecido como Chespirito. Roberto Gomez Bolaños, criador de Chaves e Chapolin (El Chapulín Colorado), série também exibida no Brasil, é um dos grandes comediantes de seu país, reconhecido em todo o mundo. Cultuado por conta das séries televisivas, um termômetro da popularidade de Bolaños foi registrado em 2011, quando aderiu ao Twitter e em menos de um dia já contabilizava mais de 170 mil seguidores. No segundo dia, o número subiu para 250 mil.
Há dois anos, o evento América celebra a Chespirito, realizado em mais de 17 país, entre eles Brasil, Argentina e Estados Unidos, fez reverência aos 40 anos de carreira de Bolaños. Recentemente, também via Twitter, ele enviou uma mensagem a Sílvio Santos para agradecer pelos 30 anos de exibição de seus programas. “Disseram-me que logo serão 30 anos (de Chaves e Chapolin) no Brasil. Muito obrigado a vocês, brasileiros. Amo vocês. Chespirito”, postou Bolaños, atualmente com 85 anos, casado com Florinda, 65 anos, e longe da TV.
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Antes de Chaves, Roberto Gómez Bolaños criou o seriado El Chapulín Colorado, que foi ao ar no México durante a década de 1970, com reapresentações esporádicas nos anos seguintes. O fim definitivo veio em 1992. O tom de comédia não escondia uma crítica social em relação à América Latina, a partir da sátira aos heróis norte-americanos. No Brasil, o super-herói interpretado por Bolaños tornou-se Chapolin, com estreia em 1984, no SBT. Ao lado do autor, formavam o elenco muitos dos atores que participariam de Chaves, como Ramón Valdez, María Antonieta de las Nieves, Florinda Meza, Edgar Vivar e Carlos Villagrán. Em tempo: o SBT exibe em seu site o seriado Chapolin como alternativa para fugir do horário eleitoral, nas duas faixas de propaganda na TV: às 13h e às 20h30. Os episódios podem ser vistos pelo www.sbt.com.br/clu-binhosbt/chapolin.
Por onde andam?
Quico
Carlos Villagrán, 70 anos, esteve no Brasil para apresentar o Show do Quico, no ano passado, e anunciou aposentadoria.
Dona Florinda
Florinda Meza García, 65 anos, ainda é atriz, cantora, diretora, escritora e produtora de TV, porém se dedica mais à vida de casada com Bolaños.
Chiquinha
María Antonieta de las Nieves, 63 anos, também esteve no Brasil no ano passado, para apresentações com sua famosa personagem. A atriz foi parar na justiça para conquistar o direito de interpretar Chiquinha fora do seriado Chaves.
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Professor Girafales
Rubén Aguirre Fuentes, 80 anos. Em junho, durante a Copa, foi publicada uma foto do ator com a camisa da seleção brasileira.
Dona Clotilde
Angelines Fernández morreu em 1994, aos 70 anos.
Seu Madruga
Ramón Valdés ou Don Ramón morreu em 1988, aos 65 anos.
Senhor Barriga
Edgar Vivar, 69 anos, segue com a carreira de ator no cinema e na TV mexicana. Esteve este ano no Brasil durante a Copa para assistir à partida entre Brasil e México. O ator também promoveu o jogo Chaves kart.