Publicação: 18/01/2015 03:00
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Burberry Prorsum vai ao exotismo dos anos 1970 com estampa paisley e cobertores usados para esquentar |
Manual do hedonista
O movimento athleisure, que mistura conforto e elegância, e o visual de artistas como David Hockney são apostas na Semana de Moda Masculina em Londres
Phelipe Rodrigues (texto)
Justin Tallis/AFP (fotos)
No primeiro mês do ano, os desfiles internacionais já trazem as apostas mais interessantes para o guarda-roupa masculino do inverno 2016. “Uma delas é o conforto, os materiais e o design do sportswear para usar na rua e no trabalho”, antecipa Caio Braz, apresentador do GNT Fashion e estilista. Na semana de moda masculina de Londres, um dos nomes mais fortes da cidade, hoje, o designer Nasir Mazhar faz essa junção entre as quadras e o universo do luxo. Batizado de athleisure - união de atlético com lazer - o termo começou a ganhar força no ano passado. Daqui a pouco, pode prestar a atenção em leggings, agasalhos e combinações de cores fortes + materiais brilhosos, como os dos trench-coats de Mazhar, nas lojas e em fotos de editoriais.
As calças de alfaiataria acompanhadas de uma bomber jacket parecem uma imagem de alguma revista em 1999. Mas esta é a proposta de Richard James, com brincadeiras de proporção e um toque étnico que deixa tudo com cara de futuro. Aliás, a viagem pelo exotismo está sendo uma rota nem tão alternativa para os designers. Christopher Bailey, na Burberry Prorsum, sugere uma passagem pelo toque hippie dos anos 1970, com florais, estampa cashmere (ou paisley), franjas e cobertores para se aquecer. O item virou o novo sobretudo na indústria do luxo.
Ao olhar para o passado, os criadores ingleses resgatam uma elegância msculina bem acabada, mas sem perder o humor. Em seu desfile, a Dunhill olha para os anos 1950 e 1960, para o jeito como o pintor David Hockney juntava as peças. Seus óculos redondos, a armação em destaque, são apresentados como tendência forte. Nesse mesmo período, os garotos cuidavam da aparência em barbearias. “A retomada desse ritual é bem forte. Mas acredito que as barbas e bigodes do lumbersexual, o cara com ar de lenhado, será trocado por um look clean e sofisticado. Os cabelos são cortados com navalha, as laterais mostram um degradê”, avisa Caio Braz, fazendo uma tradução simultânea de Londres e da Semana de Milão. A última começou ontem e segue até a próxima terça.
O ano que começou de novo
Para quem acompanha um fashion drama, 2015 só começaria com a coleção de alta-costura da casa belga Martin Margiela assinada por John Galliano
Um ano bem animado na Semana de Moda Masculina em Londres para o Inverno 2016. A cidade virou cenário de um momento histórico: a volta de John Galliano como estilista da Maison Martin Margiela. Depois de quatro anos de desculpas pelas declarações antissemitas, que o fez ser demitido da Christian Dior, e dos tratamentos para ficar longe do álcool, Galliano ressurge ainda mais Galliano. As intervenções cirúrgicas o transformaram em sua versão cartoon com boca, nariz e maçãs gigantescos, vestindo um jaleco branco no final do show.
Seu nome foi anunciado para a linha Artisanal (a alta-costura) do belga Margiela em outubro. Essa fusão de referências díspares criou muita expectativa para quem acompanha desfiles e ama um folhetim fashion. 2015 só começaria depois deste show. Galliano conseguiria abrir mão do exagero que virou marca-registrada? Não exatamente. Agora, trabalhou vermelho, negro, volumes e a beleza rebuscada que a maquiadora Pat McGrath tornou ícone na Dior. Mas o acervo Margiela estava aparente com acabamentos à mostra, o jogo de feito/desfeito e composições artsy formando imagens em várias peças.
Roupa da festa
No Recife, o figurino do carnaval sempre vira o assunto mais importante até os festejos. “Por isso, as peças da loja não seguem o calendário da moda. As roupas que chegam a partir de já nas araras têm a cara das prévias e da nossa grande festa”, anuncia a estilista Luciana Ribeiro, da loja Coreto. Na coleção A arte de viajar pelo Brasil, assinada por Caio Braz, tudo foi pensado para que os meninos tenham opções de looks para cada um dos dias de farra. “São cinco estampas de cada uma das regiões do país. Todas bem coloridas e divertidas. As alpagartas, t-shirts e bermudas têm tudo a ver com folia”, sugere o estilista.
A Coreto produziu linhas próprias para os bailes do Eu acho é pouco e dos Amantes de Glória. “Nada de fantasias. São vestidos, camisas e bermudas leves nas cores dos dois blocos”, conta Luciana. O seu acervo ainda ganha reforço das marca Berinjela e também da Colombina. A maior parte dos tecidos, as sócias Lúcia Nunes e Carmela Bezerra trouxeram do México. “São rainhas do macaratu que se encontraram com Frida Kahlo”, brinca Lúcia, da Colombina.
Onde achar: Coreto | F. 3031 -5608