A cara de uma, o talento da outra Mel Lisboa assume os trejeitos da singular Rita Lee em espetáculo sobre a conturbada e interessante vida da rainha do rock brasileiro

ISABELLE BARROS
isabellebarros.pe@dabr.com.br

Publicação: 25/04/2015 03:00

 (FOTOS: PRISCILA PRADE/DIVULGACAO)

Tentar classificar, explicar ou definir Rita Lee é tarefa ingrata, tamanha a singularidade da personalidade e da variedade do trabalho como cantora e compositora. Ainda assim, o musical Rita Lee mora ao lado, que chega ao Recife hoje, tenta trazer algumas das facetas de uma das representantes mais bem-sucedidas da música brasileira, que alcançou o sucesso sem deixar de marcar posições políticas e sociais muitas vezes polêmicas. A protagonista da montagem é a atriz Mel Lisboa, cuja caracterização a deixou parecida com Rita.

O recorte da direção da peça para trazer a história de Rita veio a partir da adaptação da biografia Rita Lee mora ao lado - uma biografia alucinada da rainha do rock, de Henrique Bartsch. Foi adicionada uma personagem fictícia chamada Bárbara Farniente, vizinha que teria acompanhado a vida de Lee da infância ao sucesso na música. A história não é contada em ordem cronológica, mas traz a trajetória na música já a partir da primeira banda, a Teenage Singers, depois a transgressão artística com Os mutantes e, nos anos 1970, o sucesso popular com a banda Tutti Frutti, com quem a artista gravou clássicos como o álbum Fruto proibido e a música Ovelha negra.

Para mostrar toda a produção, Mel Lisboa canta e toca violão no palco nas canções e conta também com um acompanhamento musical com cinco integrantes. Hitmaker por excelência, Rita compôs tantas músicas de sucesso que algumas ficaram de fora da peça, mesmo com quase 30 canções no repertório. Algumas são obrigatórias quando se pensa na cantora e marcam presença no espetáculo, como Panis et circensis, Ando meio desligado, Banho de espuma e Agora só falta você. A parceria com o marido Roberto de Carvalho, com quem compôs dezenas de músicas, está tanto na peça quanto na própria escolha das canções.

A peça conta com um elenco de mais sete atores, que ajudam a contar passagens polêmicas, como a prisão de Rita durante a primeira gravidez por porte de maconha, em 1976. A defesa dela pela cantora Elis Regina é um dos momentos cruciais da trajetória de Rita Lee e também ganha destaque na peça. A relação com Gal Costa e Tim Maia também é retratada.

 

Serviço

Musical Rita Lee mora ao lado, com Mel Lisboa e grande elenco
Quando: Hoje (25), às 18h e às 21h e Domingo (26), às 20h
Onde: Teatro RioMar - 4º piso do RioMar Shopping
Ingressos: Plateia: R$ 140
e R$ 70 (meia) / Balcão:
R$ 120 e R$ 60 (meia), à venda
na bilheteria do teatro
e no site Ingresso Rápido
Classificação indicativa: 14 anos
Informações: 3207-1144

 

Entrevista >> Mel Lisboa

 

“Lee sempre morou  na minha casa”

 

O que a motivou a aceitar o convite para o musical e qual a relação com Rita Lee antes de participar da produção?
Rita Lee sempre morou na minha casa. Minha mãe sempre teve discos dela e eu também, embora não a conhecesse tanto quanto hoje. Por isso mesmo, quando surgiu o convite, achei inusitado e, ao mesmo tempo, fiquei muito empolgada, achando essa figura maravilhosa. Falei para os produtores: “Se der certo, vamos embora!”

Rita Lee chegou a participar de alguma etapa da produção do musical?
Encontrei a Rita uma vez antes da estreia, mas não tivemos mais contato durante o processo de montagem. As pessoas mais próximas da Rita é que começaram a se aproximar da produção pouco antes de ela estrear e todos ficaram muito felizes. Rita assistiu duas vezes: a primeira, sozinha, e a outra, com o marido dela, Roberto de Carvalho. Ela adorou tudo. Em nenhuma dessas apresentações eu sabia que ela estaria na plateia. Me dava um frio na espinha toda vez que eu pensava no fato de ela me assistir. A Rita quase não sai de casa hoje em dia e o fato de ela ter visto o espetáculo foi muito importante para todos nós.

Em que fazê-la no palco impactou a carreira?
Aprendi muito e continuo aprendendo. Em vários momentos, me emocionei com alguma coisa nova a respeito dela, que eu não sabia que tinha acontecido. Topei essa empreitada sabendo quais desafios me esperavam e as dificuldades gigantescas que eu enfrentaria. Os fãs de Rita têm um carinho enorme pelo espetáculo.

 

Vem por aí

 

Coloque na agenda os espetáculos com passagem confirmada pelo Recife:

Maio

As noviças rebeldes
Com 30 anos de carreira nos palcos, a comédia musical vem ao Recife em maio e traz também dança e sapateado. Na trama, cinco freiras saem do convento para jogar bingo e, quando voltam, as colegas são encontradas mortas por intoxicação. Para pagar parte do funeral, o grupo resolve fazer um show beneficente.

Viva Raul
A homenagem ao cantor Raul Seixas dá o tom do espetáculo, que traz clássicos do cantor, como Gita, Metamorfose ambulante, Maluco beleza e Eu nasci há dez mil anos atrás. Também passa pelo Recife em maio.


Junho

Cazuza - pro dia nascer feliz
Em junho, é a vez do musical que conta a vida de Cazuza, com direção de João Fonseca. A peça foi montada a partir de conversas com amigos e parentes do cantor e traz composições dele no Barão Vermelho, em carreira solo ou gravadas por outros artistas, como Cássia Eller.

Agosto

Cássia Eller - o musical
Será o mês no qual Cássia Eller - o musical, também dirigido por João Fonseca, chega ao Recife. A vida da artista é contada a partir de um repertório composto por 39 músicas, sejam elas de autoria da própria Cássia ou canções que a influenciaram.