Todo poder ao streaming Entrada da Apple Music no mercado de músicas para audição via internet reforça o poder da divulgação de conteúdo sem a necessidade de compra ou download

ADRIANA IZEL
REBECA OLIVEIRA
edviver.pe@dabr.com.br

Publicação: 04/07/2015 03:00

 (SILVINO/DP)

O mercado de distribuição e de compra de música pela internet durante muito tempo foi dominado pelo iTunes, da Apple. Mas muitos usuários abandonaram o modelo por considerar a média de preço (cerca de US$ 9 por álbum) um valor alto se comparado ao que poderiam usufruir assinando serviços de streaming (multiplataforma via internet) que fazem exatamente o mesmo, mas cobram pouco - ou, em alguns casos, nada - dos consumidores. Nesta semana, a empresa da maçã entrou no mercado de música sob demanda e lançou o Apple Music em mais de 100 países, como o Brasil.

A entrada da gigante norte-americana promete mexer com as estruturas da indústria musical de streaming, formato que tentar enfrentar a pirataria.
A Apple Music engrossa a lista de opções, na qual despontam nomes como o Spotify, Deezer, Rdio, Last.fm, Tidal, do rapper Jay-Z, e Napster - criado como site de compartilhamento, enfrentou vários processos e migrou para uma versão legal. Embora represente 28% de todo o consumo de música para a maioria das pessoas no Brasil (contra 76,4% do rádio, segundo dados do instituto de pesquisa online Opinion Box), o streaming já responde por 51% do faturamento de música digital do país, diz a Associação Brasileira dos Produtores de Discos (ABPD). O segmento cresceu 53,6% em 2014, enquanto a indústria fonográfica evoluiu apenas 2%.

Nos EUA, uma análise do grupo FBR Capital Markets divulgada em junho apontou que a audiência da Netflix, responsável por séries como House of cards, deverá ultrapassar a de todas as redes de televisão do país. “Acho que estamos vivendo um momento de transição entre plataformas e formas de consumir conteúdo. A modernização de hardware e o aumento na qualidade dos serviços de streaming indicam que essa forma de consumo só ganhará mais mercado”, destaca o especialista em mídia digital e consultor em comunicação digital Celso Fortes.

No Brasil, a adesão aos serviços de streaming por parte das bandas e artistas brasileiros é grande. Os pernambucanos Lenine, Alceu Valença, Siba e Lira, por exemplo, disponibilizaram os discos mais recentes nas plataformas. Nesta semana, três filmes do estado entraram no catálogo do Netflix: o premiado O som ao redor, de Kleber Mendonça Filho, Doméstica, de Gabriel Mascaro, e As hiper mulheres, de Leonardo Sette, Carlos Fausto e Takuma Kuikuro.

Estratégia de marketing ou debate genuíno, a briga entre Taylor Swift e a Apple Music colocou em evidência o Apple Music. A cantora publicou uma carta aberta à empresa com as razões para não disponibilizar o álbum 1989 - o mais vendido de 2014 e, até agora, o de 2015. “Nós não pedimos iPhones de graça a vocês. Por favor, não nos peçam para abastecermos vocês com nossa música sem nenhuma compensação”, alfinetou a cantora pop mais importante do momento.

Por considerar “chocante e decepcionante” o não pagamento aos artistas dos royalties durante os três primeiros meses gratuitos para os assinantes, Taylor decidiu não aderir. A Apple reviu a política de pagamento e recebeu, além do disco, elogios públicos. As condições, no entanto, não foram suficientes para inserir no cardápio as canções dos Beatles ou de Prince.

Música

Diante da ameaça da gigante norte-americana, a concorrência tem se armado e anunciado novidades. Ao Correio Braziliense/Diario, Mathieu Le Roux, diretor-geral da Deezer na América Latina, afirmou que a plataforma fechou parceria com uma empresa norte-americana para oferecer música em altíssima qualidade, equivalente à sonoridade do vinil, para assinantes. Segundo o empresário, a Deezer não se sente ameaçada com o mais poderoso concorrente. “Se a Apple decidiu entrar nesse mercado, é porque existem muitas oportunidades. Isso é muito bom. No mundo, pouco mais de 40 milhões de pessoas assinam serviços de streaming, enquanto 2 bilhões escutam música. Ou seja: há muito espaço”, alegou.

BEM CARO
Esse mês, também chegam em terras tupiniquins o Tidal, adquirido pelo rapper Jay-Z por US$ 56 milhões. Apesar de, na masterização sonora, a plataforma ser três vezes superior ao principal concorrente, o Spotify, o custo de R$ 30 pelo pacote mensal tem assustado os possíveis assinantes. No mercado norte-americano, a empresa enfrenta crises que nem o marido de Beyoncé poderia prever. Não bastou um elenco estrelar (como Madonna, Calvin Harris, Kanye West e Rihanna) para livrá-lo dos 99 problemas que enfrenta, brinca a mídia local fazendo referência ao famoso hit do rapper.

Raios-x

MÚSICA

Spotify

Vantagem
Atualmente, possui 20 milhões de músicas no acervo e plano gratuito ilimitado

Desvantagem
Na opção gratuita, propagandas são exibidas entre as faixas executadas

Apple

Vantagem
Oferece uma opção de plano para a família, com até seis usuários, por US$ 14,99

Desvantagem
Só está disponível para usuário de iPhones e iPads


Deezer

Vantagem
Oferece músicas com qualidade semelhante ao vinil

Desvantagem
A interface tem pouca interação com o mobile (celular)

TV / CINEMA

Netflix

Vantagem
Interface com fácil navegação e produções originais, como a websérie House of cards

Desvantagem
Alguns títulos expiram da grade muito rapidamente. Pernambucano Baixio das bestas já saiu do catálogo
Crackle

Vantagem
É gratuito - e o site está disponível para computador, celular, tablet, tevê e videogame

Desvantagem
Acervo pequeno e com poucas produções recentes

HBO Go

Vantagem
Acervo com dois mil títulos de produções da HBO, como séries exclusivas do canal


Desvantagem
Restrito, só pode ser acessado por assinantes da SKY, NET e Claro HDTV com pacote HBO

LITERATURA

Amazon

Vantagem
Por meio da iniciativa Kindle Unlimited, tem acervo de quase 700 mil obras, entre e-books e audiolivros

Desvantagem
Embora existam livros em português, demoram a chegar novidades e lançamentos

Nuvem de livros

Vantagem
Brasileiro, o serviço apresenta 14 mil obras e tem cerca de 2,5 milhões de assinantes

Desvantagem
Não aceita a autopublicação

Scribd

Vantagem
Custa US$ 9 mensais e permite a autopublicação

Desvantagem
Tem 40 milhões de títulos no catálogo, mas a maioria do conteúdo é em inglês