Ópera da sanfona Espetáculo conta (e canta) a história do Rei do Baião em linguagem de cordel. Serão quatro apresentações no Teatro de Santa Isabel

ISABELLE BARROS
isabellebarros.pe@dabr.com.br

Publicação: 07/12/2015 03:00

Musical se utiliza das letras de Luiz Gonzaga para explorar a caracterização do Sertão do Nordeste (RALPH FERNANDES/DIVULGAÇÃO)
Musical se utiliza das letras de Luiz Gonzaga para explorar a caracterização do Sertão do Nordeste

O legado deixado por Luiz Gonzaga (1912-1989) se tornou um manancial no qual cantores, compositores, cordelistas e atores nordestinos se inspiram até hoje. É o caso do artista Paulo Matricó, que idealizou a Ópera Cordelística Lua Gonzaga, cuja estreia acontece justamente na semana de nascimento do Rei do Baião. O espetáculo transporta para os palcos a herança do que é atribuído à cultura nordestina - repentistas, cantadores, cordelistas - a partir da ópera, suporte mais identificado com a cultura europeia. A produção terá quatro sessões no Teatro de Santa Isabel, de quinta a domingo (13), dia em que Gonzagão completaria 103 anos.

Com 28 artistas, entre músicos, cantores e bailarinos, o trabalho é focado nos anos de formação de Gonzaga, desde o início da adolescência até o sucesso no Rio de Janeiro, passando pela primeira paixão, a saída de Exu, a ida a Fortaleza e o encontro com Humberto Teixeira na antiga capital federal. Quem conduz a história é o próprio Paulo Matricó, na figura de um cantador. “Acho até que caberia outra pessoa, mas, como é um trabalho meu, resolvi interpretar esse personagem principal. Antes de ser músico, sou um poeta que canta e a linguagem do cordel é dominada por mim com mais facilidade do que uma linguagem mais operística”.

Para ajudar a fazer a trama avançar, há uma orquestra com 17 membros e um corpo de baile com seis dançarinos. Além de protagonizar, Matricó ficou com a produção e o roteiro, derivado de um cordel escrito pelo artista em homenagem ao Rei do Baião. “A caracterização do Nordeste veio muito da música de Luiz Gonzaga. Antes dele, se costumava dizer que nós, sertanejos, éramos do Norte”. Recentemente, o sanfoneiro foi foco também no musical do diretor pernambucano João Falcão Gonzagão - A lenda.