Luz, cena e canção
Amanhã, na Casa de Alzira, artista pernambucana Nash Laia apresenta o show "Submersiva", resultado de uma trajetória construída no teatro, no cinema e na música
Allan Lopes
Publicação: 06/08/2025 03:00
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A atriz estrelou filmes marcantes do cinema pernambucano, como Deserto Feliz e Amor, Plástico e Barulho |
Nascida em Jaboatão dos Guararapes, a atriz e agora cantora Nash Laila carrega nos passos e na voz os muitos Brasis que habitam seu caminho. Foram 12 anos morando em São Paulo, uma temporada no Recife, passando pela Bahia, e, mais recentemente, uma nova fase no Rio de Janeiro. É desse fluxo entre territórios que nasce o seu novo projeto, Submersiva, que estreia amanhã, às 20h, na Casa de Alzira, espaço cultural recém-inaugurado no Bairro do Recife.
Com um nome que evoca tanto a ideia de mergulho, quanto de subversão, Submersiva reflete o movimento constante de Nash entre superfícies e profundezas. Canções como Beira-mar, de Gilberto Gil, e Cidade e Rio, de Roberto Mendes, dialogam com composições de artistas da nova cena baiana e pernambucana, como Fatel, Arthur Rocha, Marília Piraju e Gui Calzavara, além de Ítalo Soeiro, que participa da apresentação.“ Eu as ouvi muito, muito mesmo, até sentir vontade de reuni-las em um único encontro”, revela a artista, em conversa com o Viver.
A água que percorre a setlist do show não está apenas nos versos, mas no percurso de vida da própria Nash. Em São Paulo, formou-se no Teatro Oficina, nas imediações do Rio Saracura, que está soterrado pelo concreto da cidade. De volta ao Nordeste, reencontrou as águas de forma mais direta e simbólica. “Trata-se de tornar visível o que sempre esteve presente. A gente sente, mas nem sempre vê. Como se reconectar com essa natureza, dar espaço para vivê-la? É daí que nasce essa reflexão”, explica.
Pensando nessa proximidade e no desejo de um contato mais íntimo, Nash escolheu a Casa de Alzira, um lugar onde o olho no olho é possível e o público se torna extensão da cena, como no teatro, em que estreou aos 14 anos na peça A Lição. “Queria fazer algo como se eu estivesse em casa, porque é assim que me sinto no Recife”, afirma ela, que passou um ano e meio entre a Bahia e Pernambuco até que tudo se condensasse em música.
Mesmo na atuação, Nash já habitava um universo sonoro, como no filme Amor, Plástico e Barulho (2013), em que viveu Shelly, uma dançarina que sonhava em cantar brega. Porém, a música que a define segue outros caminhos, mais sensíveis, como já revelou em trabalhos como Vir Ver Ou Vir Torqu4to, de Zé Ed, e na homenagem ao álbum Branco, de João Gilberto, no show Respirando São João Gilberto, que ela mesma dirigiu, com arranjos de Guina Santos, Amanda Ferraresi e Cosme Lucian, sempre com a mesma sensibilidade que agora transborda em sua voz.