A reinvenção da arte
Três exposições em cartaz a partir de hoje no Recife suscitam reflexões por meio do cinema experimental, de memórias pessoais e construção dos gêneros. Plataformas para expressão das ideias vão desde ensaios fotográficos até a dança, passando por performances, vídeos, pinturas e esculturas. Toda a programação tem entrada franca.
Publicação: 25/05/2016 03:00
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Pesquisa fotográfica de Mateus Sá se inspirou em universo onírico e misterioso criado a partir de vivências pessoais no Vale da Lua, no Cabo |
A reflexão sobre cultura visual, gênero e sexualidades deu origem a uma disciplina chamada Tramações, oferecida para alunos de graduação e pós-graduação em artes visuais da Universidade Federal de Pernambuco. A iniciativa se desdobrou em várias ações abertas ao público e, de hoje até 16 de junho, o Centro de Artes e Comunicação (CAC) da UFPE recebe exposição, performances e leituras relacionadas a esses temas. As obras são produzidas pelos próprios estudantes da disciplina.
A programação começa às 18h, com a abertura da exposição Tramações, que ficará em cartaz na Galeria Capibaribe, no térreo do CAC. Serão exibidas aquarelas, instalações, videodança, esculturas e fotografia. Este primeiro dia de mostra terá também uma performance intitulada Vestido vermelho, da artista visual Bárbara Collier.
Além da exposição, há outros eventos ligados à disciplina universitária ministrada pela professora Luciana Borre. Mais performances estão programadas como desdobramentos da exposição: Pelo toque, com Joana Pontes, no dia 31 de maio, Armadura e Gostosa, mais duas performances de Bárbara Collier, e Uma performance de gênero em construção, de Natalia Barros, marcada para o dia 16 de junho.
Serviço
Exposição Tramações
Onde: Galeria Capibaribe (Centro de Artes e Comunicação da Universidade Federal de Pernambuco, Av. Prof. Moraes Rego, 1235, Cidade Universitária)
Quando: a partir de hoje, às 18h. Visitação das 10h às 14h e 16h às 19h, até 16 de junho.
Memórias revividas pela fotografia
As memórias reais e recriadas fluem para um mesmo lugar, na visão do fotógrafo pernambucano Mateus Sá. O Vale da Lua, no Cabo de Santo Agostinho, onde ele teve uma experiência definidora na infância, tornou-se o local escolhido para realizar a pesquisa fotográfica Lugar das incertezas, cujo lançamento acontece hoje, às 19h, no Preto no Branco Imagem e Conceito. A investigação fotográfica, orientada pelo professor José Afonso Júnior, está no Instagram e em um blog: lugardasincertezas.wordpress.com. O lançamento também terá debate e projeção de imagens.
O trabalho do fotógrafo já usava a memória com um tema importante, mas, desta vez, o profissional mergulhou mais profundamente em vivências pessoais. “Tenho uma relação com o Vale da Lua desde a infância. Nessa época, fui acampar com minha família e me perdi. Lembrava disso vez ou outra, mas, ao voltar lá com meus filhos, tirei algumas fotos e recordei de novo essa situação. Resolvi fazer um projeto. Trabalhei memórias objetivas e também criei situações, nas quais vivenciei o lugar como uma criança poderia ter vivenciado. Encontro detalhes nas trilhas e os fotografo de forma bem próxima”.
As imagens trazem um universo onírico e misterioso, voltado para uma compreensão da natureza com doses similares de alegria e medo. “Pensei em tudo o que poderia ter vivido nesse lapso de tempo no qual fiquei perdido. É como se eu fosse um arqueólogo da memória”, reflete Mateus. A ideia é de que o projeto ainda tenha desdobramentos. O blog será abastecido com textos e imagens e, segundo o fotógrafo, o objetivo é publicar um livro artesanal, de tiragem limitada, com lançamento até o fim do ano. “Esta é uma narrativa boa para passar ao papel”, conclui o fotógrafo.
Serviço
Apresentação da pesquisa de linguagem Lugar das incertezas, com fotos de Mateus Sá
Quando: hoje, às 19h
Onde: Preto no Branco Imagem e Conceito (Rua Vigário Tenório, 199, - Bairro do Recife)
Entrada franca
Videoarte e cinema experimental
Obras audiovisuais livres de amarras conceituais ou estéticas, não ligadas necessariamente à exibição nas salas de cinema, são o núcleo dos trabalhos do Fórum do Movimento das Imagens, que começa hoje, às 19h30, e vai até sexta-feira na Caixa Cultural Recife. O cinema experimental e a videoarte são alvo de debates e de projeções cinematográficas divididas em três mostras, uma por dia.
As exibições serão mediadas pelo francês Yann Beauvais, cineasta fundador da Light Cone, cooperativa europeia de difusão do cinema experimental. Ele também é um dos criadores do espaço Bê Cúbico, no Recife, e é responsável pela curadoria dos filmes a serem exibidos no último dia do evento. “Queria mostrar diferentes tendências que podem ser encontradas no cinema experimental e na videoarte. Comecei em meados dos anos 1960 e era muito difícil mostrar os filmes, daí veio a ideia da cooperativa”.
As exibições de hoje apresentam a estreia do trabalho experimental Folia, feito pela francesa Anabelle Yolle, seguido pela mostra da coleção Fundaj. As obras foram selecionadas pelo coordenador do Departamento de Artes Visuais da Fundação Joaquim Nabuco, Moacir dos Anjos, e são assinadas por alguns dos nomes mais importantes das artes visuais nacionais e internacionais, de várias gerações. Entre eles, estão o pernambucano Paulo Bruscky, além de nomes que despontaram no estado, como Jonathas de Andrade e Rodrigo Braga, além de figuras emblemáticas como a cubana Ana Mendieta, Gordon Matta-Clark e Francis Alÿs.
Já o segundo dia teve a curadoria feita pelo francês Phillipe Alain Michaus a partir das Coleções de Cinema do Museu Nacional de Arte Moderna Centre Goerges Pompidou. O acervo foi dividido em duas categorias: O sagrado 1 - Figura, desmembramento e O sagrado 2 - O lugar, a circuncisão. Na sexta-feira, serão exibidos filmes da coleção Light Cone, com seis obras de artistas dos EUA, Sérvia, França e Inglaterra.
Segundo Yann, o fórum estabelece diálogo entre diferentes formas de ver as imagens em movimento. “Meu desejo é o de fazer do cinema experimental uma prática artística reconhecida. Hoje, a prática da imagem em movimento se generalizou. Qualquer pessoa pode fazer filmes. A mostra leva ao público o fluxo histórico de parte dessa produção de imagens e mostrar que algumas pessoas podem renovar a, arremata.
Serviço
Fórum do movimento das imagens
Quando: De hoje a sexta, a partir das 19h30
Onde: Caixa Cultural Recife (Avenida Alfredo Lisboa, 505, Bairro do Recife)
Entrada gratuita, com distribuição de senhas uma hora antes de cada sessão
Informações: 3425-1915