PERFIL » Diálogo entre o poético e sertanejo

Publicação: 08/05/2016 03:00

Liberdade, liberdade representa um retorno ao começo da atriz Nathalia Dill na TV. Ela volta a interpretar uma antagonista após uma série de mocinhas, como a protagonista Laura em Alto astral (2014). Na atual novela das 23h, escrita por Mauro Teixeira, com argumento de Marcia Prattes e direção de Vinicius Coimbra, ela vive Branca, uma mulher definida por ela como “à beira de um ataque de nervos”.
Aos 30 anos, Nathalia buscou equilíbrio entre graça e petulância para Branca. Ela se inspirou em Cersei, vilã e uma das personagens mais complexas de Game of thrones (HBO). Fã do seriado, ela diz que uma das cenas mais impactantes foi a humilhação na quinta temporada, quando a personagem atravessou nua um percurso com xingamentos e apedrejamento.
A obra é livremente inspirada no livro Joaquina, filha do Tiradentes. Inimiga da libertária Joaquina (Andreia Horta), Branca faz a linha mimada e arrogante. Por amor a Xavier (Bruno Ferrari), driblou uma das convenções da época ao perder a virgindade antes de casar e é centro de um dos conflitos da trama. A escrava Malena (Lucy Ramos) descobre e passa a chantageá-la. 

 

 

 

[ Trajetória

 

Em 2007, Nathalia Dill estreou na televisão na série Mandrake (HBO) e em Malhação (Globo), na qual viveu a antagonista Débora, responsável por uma maior projeção. Entre os folhetins, ela atuou em Escrito nas estrelas (2010) e Cordel encantado (2011). A carreira na televisão é conciliada com produções de cinema. Na última segunda-feira, a atriz veio ao Recife para lançar o filme Por trás do céu, dirigido pelo ex-marido da atriz, Caio Sóh.

 

 

 

[ Entrevista Nathalia Dill 

 

Atuar em uma novela com um formato mais enxuto - Liberdade, liberdade possui 60 capítulos - é melhor ou pior?
Escolho projetos que me encantam, independentemente do formato. Isso é que é o mais interessante. Cada projeto é único. Existem novelas e novelas, filmes e filmes. Não consigo eleger uma linguagem. Quem está envolvido importa mais do que os estereótipos sobre novela, cinema ou teatro.

Que significados você identifica no filme Por trás do céu?
O filme é muito poético e muito lúdico. Ele dialoga com a poesia do universo sertanejo. Era uma peça teatral. É muito bonito.

A gente vive uma época em que nunca se falou tanto de empoderamento feminino. E isto está atravessando o universo da teledramaturgia. Em Liberdade, liberdade, a obra também é concentrada na vida de Joaquina. Como analisa essa tendência?
As mulheres estão mais atentas pra isso. Naturalmente, isso vai acontecendo devagarinho, aos poucos. Ainda temos muitos passos a dar, inclusive na política.

Liberdade, liberdade aborda temáticas como corrupção e oportunismo. Enxerga como um reflexo do cenário político atual?
Totalmente. É muito importante a gente conhecer direito a nossa história e refletir sobre ela para pensarmos sobre o que acontece hoje em dia. O que a gente vive é muito resquícioo do nosso passado. A escravidão acabou há pouco tempo e o presidencialismo ainda é muito recente e frágil.

Quais foram suas referências para compreender o contexto da Inconfidência Mineira?
A gente leu aquele livro 1808. Li também um romance muito lindo, que se passa mais ou menos naquela época, que é Um defeito de cor, que retrata a história de uma escrava que veio ao Brasil em mil oitocentos e pouco.

Para Liberdade, liberdade, você disse que se inspirou em Game of thrones…
Na verdade, a gente brinca e diz que ela é uma vilã que é mistura da Cersei de Game of thrones com A megera domada. Ela tem um pouco das duas.