Momentos derradeiros de Renato Russo
Escritor atualiza biografia sobre líder da Legião Urbana, com ênfase na fase final da vida do cantor
Do Correio Braziliense
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Publicação: 04/10/2016 03:00
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Últimos anos do "trovador solitário" foram reconstituídos por Carlos Marcelo |
Quando morreu, quase 20 anos atrás (em 11 de outubro de 1996), Renato Russo já tinha a dimensão de um gigante. A Legião Urbana, as letras contestadoras e reflexivas, a postura, tudo isso já havia feito dele um dos grandes nomes da música brasileira. À época, no entanto, talvez fosse difícil imaginar que, mesmo anos depois, a obra do trovador solitário permaneceria atual e viva, tocando ainda a pais e filhos. Renato é tema que não se esgota. Também por isso, o jornalista Carlos Marcelo, autor da biografia mais completa sobre o cantor, revisitou o livro Renato Russo - O filho da revolução, lançado em 2009, e apresenta agora nova versão da obra.
Carlos Marcelo conta que mexeu em todo o texto e acrescentou novas informações, além de um capítulo inédito. “Da primeira vez, foram nove anos para escrevê-lo. Agora, levei mais um ano e meio. Eu nunca tinha mexido no texto original. Desta vez, sim. Foi mais do que uma revisão, foi um texto revisitado pelo autor. Quem prestar atenção nas duas versões vai ver que há acréscimos nos outros capítulos, fui costurando o livro por dentro”, explica.
A decisão de voltar à obra e apresentar uma nova edição veio da vontade de se debruçar com mais detalhes nas passagens do final da vida de Renato. “Queria fazer uma reconstituição mais pormenorizada dos últimos anos de vida dele. Foi um período muito intenso que eu não tinha conseguido apresentar tanto na primeira versão”, explica. “Eu achava que havia uma lacuna. Tinha muita curiosidade sobre esse período. Quis ouvir os músicos que conviveram com ele no fim da vida, que tocaram com a Legião nas últimas turnês e trazer mais lembranças”, completa.
Várias obras lançadas posteriormente, sobre assuntos que influenciavam na história de Renato, contribuíram para acréscimos. Livros sobre Ian Curtis, do Joy Division, as biografias de Dado Villa Lobos e Fê Lemos foram utilizadas para complementar o texto - além do diário escrito por Renato, Só por hoje e para sempre, publicado em 2015. “Com tudo isso, era importante atualizar e contextualizar”, explica.
Para escrever o livro, que teve mais de 100 entrevistas, Carlos Marcelo achou necessário procurar as figuras que conheciam Renato antes da fama e de se tornar Renato Russo. Gente anônima, distante dos holofotes, pessoas que, em alguns casos, nunca haviam dado entrevistas sobre o cantor e que foram importantes para entendê-lo.
“Isso foi fundamental para entender que ele pertenceu a muitas turmas. Foi essencial conversar com pessoas que não conheceram o Renato Russo, mas sim o Jr., o Manfredini”, explica.
O processo ajudou também a produzir um livro que contasse e entendesse a formação de Renato. “Isso fica evidente na escolha das epígrafes, busquei muitos romances de formação. É um livro sobre essa idade da mudança, um retrato de um artista quando jovem, até porque ele foi um dos mais expressivos ao cantar a juventude”, conta. Para o autor, escrever sobre a formação de Renato era, de algum forma, escrever sobre a juventude daquela época.
Vivo como nunca
Além do relançamento da biografia, outras novidades chegam ao mercado para falar do trovador. O livro The 42nd St. Band - Romance de uma banda imaginária, que junta escritos do cantor, foi lançado na sexta-feira passada pela Companhia das Letras. Uma caixa com os quatro discos solo de Renato e uma coletânea com regravações de sucessos do cantor também devem ser lançadas em breve.
Serviço
Renato Russo - O filho da revolução, de Carlos Marcelo
Edição revista e ampliada pelo autor, com capítulo inédito. Editora Planeta. Páginas: 464, mais caderno de fotos coloridas. R$ 49,90.