Falando para o mundo

Publicação: 21/01/2017 03:00

A história da música pernambucana será traçada na segunda temporada da minissérie Brasil adentro. Os cinco episódios com 52 minutos de duração cada serão exibidos no Canal Brasil, a partir do dia 30, às 19h. O programa é apresentado pelo ex-Titã Charles Gavin (O som do vinil), responsável pela direção ao lado de Paola Vieira, Geraldinho Magalhães e Lula Queiroga. As gravações foram no carnaval de 2015. “Confesso que me senti fazendo doutorado em cultura brasileira durante as gravações”, diz. Para ele, o relato de Geraldo Azevedo sobre a tortura foi dos mais impactantes: “Poucas vezes vi alguém falar assim”. (Fernanda Guerra)

"Sem Alceu Valença e Edu Lobo, a MPB não seria o que é", diz o ex-Titã Charles Gavin. DJ Dolores é um dos artistas entrevistados para a minissérie exibida pelo Canal Brasil (Luni Produções/Divulgação)
"Sem Alceu Valença e Edu Lobo, a MPB não seria o que é", diz o ex-Titã Charles Gavin. DJ Dolores é um dos artistas entrevistados para a minissérie exibida pelo Canal Brasil

Entrevista // Charles Gavin - diretor

Você defende a descentralização de produções na televisão aberta e por assinatura. Brasil adentro tem influência disso?
Conheço bem o Brasil. Foram 25 anos na estrada com os Titãs, viajando e fazendo shows em todos os lugares possíveis. A extraordinária diversidade cultural de nosso país nos marcou e nos influenciou o álbum Õ blésq blom, de 1989, com a participação dos cantadores da praia de Boa Viagem, Mauro e Quitéria. Uma consequência disso. A minissérie Brasil adentro defende essa mentalidade: a de que precisamos conhecer e se relacionar com a exuberante produção cultural que acontece fora do eixo Rio-São Paulo. Nossa autossustentabilidade cultural passa por essa questão. Os núcleos que trabalham nas grades da programação de nossa televisão, aberta e por assinatura, precisam criar espaços para que esse Brasil seja mostrado e conhecido. É uma questão premente, não podemos mais protelar.

Com as mudanças trazidas pela Lei da TV Paga (12.485/2011), você enxerga algum tipo de efeito nesta questão?
 A Lei da TV Paga destacou questões importantíssimas. É preciso defender nosso mercado, criar condições para que a produção nacional se desenvolva, se torne mais competitiva, mas com uma cara própria, original. É o que outros países fizeram há muito tempo. E acho que os efeitos mais profundos dessa lei de 2011, no que diz respeito à produção fora do eixo Rio-São Paulo, ainda estão por vir.

Diante do cenário musical prolífico de Pernambuco, foi difícil catalogar os nomes de entrevistados de Brasil adentro?
Prolífico é um adjetivo que define bem o cenário musical pernambucano. Não é fácil acompanhar a produção que existe aí nos dias de hoje. Mas eu tento... São muitas bandas, cantores e compositores novos que se lançam todo mês, não são? Bem, fato é que eu venho ouvindo a música de Pernambuco desde meus tempos de colégio, nos anos 1970, já no primeiro LP de Alceu Valença, e seguindo depois, na faculdade, com os fantásticos discos do Quinteto Armorial. Nos anos que se seguiram, esse universo não parou de se expandir. Vieram ainda Ave Sangria, Quinteto Violado e Geraldo Azevedo, entre tantos outros. Nosso objetivo inicial era elaborar um painel básico da música de Pernambuco da década de 1950 até os dias de hoje.

Made in PE

Séries de animação

Pedrinho e a chuteira  da sorte - a série

Direção: Ulisses Brandão
Com 13 episódios de 11 minutos, a série é um spin-off (obra derivada) de um curta-metragem de animação exibido na Globo Nordeste em outubro de 2015. O programa mostra o personagem protagonista envolvido em um campeonato Intercomunitário de futebol. Junto aos colegas, ele terá que encarar novos rivais no campo. A previsão de estreia é em outubro deste ano.

Iuri Udi
Direção: Ulisses Brandão
Em fase de desenvolvimento de roteiro, a série de animação acompanha a história do personagem Iuri. Dono de uma criatividade singular, o menino consegue transformar coisas velhas em máquinas elaboradas. Já Udi é uma tartaruga. Para tentar viabilizar o projeto, a produtora Viu Cine terá reuniões em São Paulo e no Rio de Janeiro. A previsão é para o começo do ano que vem.

Além da lenda
Direção: Ulisses Brandão
Treze personagens do folclore brasileiro ganham roupagens diferentes na série de animação, prevista para o segundo semestre. Com 13 episódios, a produção faz uma reflexão sobre as mudanças do perfil de crianças da atual geração e dos novos tempos. A produtora Viu Cine, responsável pelo projeto, já trabalha para financiar a segunda temporada.

Desenha, Bia
Direção: Neco Tabosa
Criada por Neco Tabosa e Karol Pacheco, a série de animação de 13 episódios é desenvolvida pela REC Produtores. De acordo com os criadores, a produção estimula “a desobediência poética via desenhos e troca de informação por bilhetes e emoticons na vida de uma família não normativa na periferia da Região Metropolitana”. Está em fase de pré-produção, com previsão para 2018.

Dó ré mi fadas
Direção: Daniel Edmundson
Com roteiro de Edmundson e Nara Aragão, a Rec Produtores desenvolve o piloto da animação Dó ré mi fadas, baseado no grupo infantil Fadas Magrinhas. A produção ainda não tem financiamento para a primeira temporada completa. A ideia é que sejam 26 episódios, de 11 minutos de duração. Sofia Freire, Gabriela Melo, Amanda Beça e Tarcísio Vieira fazem a dublagem.

Telefilme e Docs

Múltiplo Valdi

Direção: Rafael Coelho e Claudia Moraes
O artista plástico, ator, escritor e teatrólogo Valdi Coutinho, um dos criadores do Baile dos Artistas, será tema de documentário para a televisão. As gravações começam justamente na prévia carnavalesca, marcada para o dia 4 de fevereiro. Ainda sem previsão de lançamento, o filme abordará o trabalho de Valdi em diferentes áreas, incluindo o trabalho como professor de teatro.

O BenVirá
Direção: Uilma Queiroz
É um documentário que nasceu a partir de uma fotografia de 13 grávidas em frente a uma emergência de mulheres em 1983, na zona rural de Afogados da Ingazeira no Sertão do Pajeú. A equipe investigará quem e como são essas mulheres e como estão os respectivos filhos atualmente. À época, elas viviam em meio à seca. Uma delas é uma ativista dos direitos humanos. Sem previsão, deve ser exibida na TVPE.

Coração do mundo
Direção: Danielle Hoover
O filme contará histórias de colônias estrangeiras instaladas em Pernambuco, como judeus, holandeses, japoneses e árabes. O roteiro é de Aquiles Lopes e Danielle Hoover. Entre os canais interessados, o Cine BrasilTV e o Futura. A Luni Produções também desenvolve Salve o prazer (prevista para o canal Curta!), Boca fechada (prevista para o CineBrasil TV) e O rio feiticeiro.

Séries documentais

Coletivos

Direção: Getsenami Silva, Carol Vergolino, Guilherme Bacalhao e Cézar Maia
Com nove episódios, a série acompanha o trabalho social de coletivos brasileiros de diferentes cidades. Sem previsão de estreia, a obra deve ser exibida no Cine BrasilTV e, como segunda janela, em canais da TV aberta nos municípios onde os grupos operam. O projeto contou com pesquisadores do Recife, do Rio de Janeiro e de Brasília.

Arquibancadas
Direção: Lula Queiroga
A paixão de artistas e escritores por 18 clubes brasileiros é o elemento central da série documental de 18 episódios - cinco já estão finalizados. Com depoimentos de Luís Fernando Veríssimo, Eduardo Bueno, Bruno Mazzeo, Beth Carvalho e Ivo Meirelles, a produção está prevista para estrear no segundo semestre no Cine BrasilTV.

Simião Remake
Direção: Rafael Coelho
A produção recorda obras do cineasta Simião Martiniano, que morreu em 2015, aos 82 anos. Com quatro episódios, a série já está pronta e aguarda contato de canais por assinatura interessados em exibir a produção. Cada capítulo fará adaptação de obras do pernambucano, como Moça e o rapaz valente e A mulher e o mandacaru. Não há previsão de lançamento.

Mulher original
Direção: Carlota Pereira
A série é assinada por Carlota Pereira e foi aprovada no Funcultura de 2015 para desenvolvimento de roteiros e produção de um piloto, que será rodado em março deste ano. O roteiro de Neco Tabosa misturará ficção e realidade ao reunir relatos particulares de pessoas transexuais e travestis do Recife. Segundo os organizadores, ainda não há previsão de estreia.

Filmes começam na calçada
Direção: Kleber Mendonça Filho
Primeira série para a TV do cineasta responsável pelos premiados Aquarius e O som ao redor, é um projeto documental que reunirá salas de cinema do mundo, incluindo São Luiz, no Recife, e espaços em Berlim e Los Angeles. Segundo o cineasta, é o primeiro passo para a aproximação dele com o meio televisivo. Não há previsão de estreia.

Séries musicais

Joinha Lab

Direção: Neco Tabosa
O programa tem apresentação de China e mostra o encontro de artistas no estúdio Joinha Records, como Juliano Holanda, Tibério Azul, Fred 04, Isaar, Clayton Barros, Josildo Sá, Felipe S., Zé Manoel, Buguinha Dub e Maciel Salu. Em cada capítulo, nasce uma música composta por dois convidados. Cerca de prédio, por exemplo, é parceria de Karina Buhr e Cannibal. Sem previsão de lançamento.

Ouro velho, mundo novo
Direção: Claudio Assis e Lírio Ferreira
Com apresentação de Lirinha, a série faz um mapeamento da poesia popular na divisa de Pernambuco com a Paraíba. Desenvolvido há três anos, o projeto faz um mapeamento da poesia falada e cantada em 12 episódios, com duração de 15 minutos. Deve estrear no segundo semestre no Canal Brasil. Claudio Assis também adaptará o livro Chabadabadá, de Xico Sá, para a televisão.

Reginaldo Rossi
Direção: José Eduardo Mignoli
O Rei do Brega, Reginaldo Rossi, será tema de um documentário da RTV Produções, em parceria com a Globo Filmes. Com roteiro assinado por DJ Dolores, as filmagens devem começar em março, ainda sem previsão de lançamento. O projeto relembrará uma veia mais pop e rock do artista pernambucano, que remete aos primeiros anos da carreira do cantor, mais conhecido pela vertente brega. A produção será exibida no canal por assinatura GloboNews.

Ficção

Delegado

Direção: Tião, Leonardo Lacca e Marcelo Lordello
Será produzida neste ano e tem previsão para 2018. Sobre jovem de classe média que se forma na universidade e é aprovado em concurso para delegado. A história mostra como ele se torna esse “personagem”, ao mesmo tempo que descobre a cidade e o país.

África da sorte
Direção: Renata Pinheiro e Sérgio Oliveira
A série, gravada em Itamacará, é ambientada em país africano fictício. No enredo, uma recifense é contratada para atuar em campanha publicitária de loteria. Ela desvenda esquema de corrupção. Em finalização, será entregue na EBC ao final de fevereiro.

Lama dos dias
Diretor: Hilton Lacerda
Projeto em parceria com DJ Dolores, a série é uma visão do Recife da década de 1990, período inicial do movimento mangue beat. Apesar de não ser biográfica, a trama ficcional surge a partir de memórias dos idealizadores. As filmagens começam em abril. A produção será exibida no Canal Brasil, ainda sem data de estreia.

Para rever
Algumas séries pernambucanas já exibidas na TV por assinatura estão disponíveis em serviços de streaming

Fim do mundo
Estrelada por Hermila Guedes e Jesuíta Barbosa, a série está disponível na plataforma online do Canal Brasil. São oito episódios, que acompanham a relação entre mãe e filho ao retornar à cidade de origem.

Mundo Bita
A série de animação infantil está disponível no Now, Netflix e PlayKids. A produção se tornou um fenômeno mercadológico, com rebatimento no teatro e bonecos de pelúcia. É transmitida no Discovery Kids desde 2013.

Se cria assim
Dirigida por Claudio Assis, Walter Carvalho e Beto Brant, a série documental fala sobre processo criativo de artistas. A produção estreou no ano passado no canal pago Arte 1, que ainda reprisa ao longo da programação.