Pernambuco na sua telinha A produção televisiva com DNA pernambucano está repleta de obras prestes a estrear nos canais abertos, por assinatura ou nos serviços de streaming em 2017. Telefilmes, séries, documentários e animações reforçam a vocação do estado para o audiovisual

texto: FERNANDA GUERRA | fernanda.guerra@diariodepernambuco.com.br

Publicação: 21/01/2017 03:00

 (ALUMIA PRODUÇÕES/DIVULGAÇÃO)

Os limites das fronteiras regionais foram ignorados pela música e pelo cinema pernambucanos diante da projeção nacional e internacional das obras locais. Com as transformações dos últimos cinco anos da televisão, em parte estimuladas pela Lei 12485 (a Lei da TV Paga), diretores, roteiristas e produtores do estado trilham o caminho possível para ocupar espaços na vasta grade da TV por assinatura e aberta. De cineastas renomados a estreantes no audiovisual, a lista é extensa de projetos em desenvolvimento ou concluídos. Entre a concepção, inscrições em editais, batalha por financiamento até o lançamento do projeto, no entanto, a caminhada é longa.

A variedade de estilos em outros meios artísticos é replicada na telinha. Os trabalhos se expandem em diferentes gêneros e formatos, como documental, animação e de ficção. “O audiovisual é um mercado superaberto. A legislação impulsionou um espaço riquíssimo que tem que ser ocupado. Criou-se uma perspectiva bacana, de aproximação com o público e geração de emprego”, define Lírio Ferreira, um dos responsáveis pela série de ficção Fim do mundo (2016), ao lado de Hilton Lacerda (Tatuagem).

A trilha sonora do seriado foi assinada pelo sergipano Helder Aragão, mais conhecido como DJ Dolores. Neste ano, ele estreia no universo da ficção para TV. Também com Hilton Lacerda, amigo há 35 anos, desenvolve Lama dos dias. “Trabalhar em série de ficção é uma novidade. Estou adorando e sempre quis fazer isso. Tem muita série consumida no Brasil. Acho importante o brasileiro poder se ver e acompanhar narrativas que tenham a ver com ele”, observa Dolores.

A produção fértil esbarra em um problema: a demora na liberação de recursos. É o caso da série de fantasia Fãtásticos, idealizada por André Pinto e Henrique Spencer. O projeto foi aprovado em 2015 no edital do Programa de Fomento ao Audiovisual de Pernambuco - o Funcultura Audiovisual, que ampliou os recursos ao acrescentar o investimento do Fundo Setorial do Audiovisual (FSA), da Agência Nacional de Cinema (Ancine). Com Pedro Wagner (Justiça) e Bruno Goya no elenco, o piloto está em fase de finalização, mas a equipe interrompeu a sequência de gravações devido à demora de liberação de recursos. “A gente decidiu parar até que o valor da FSA fosse liberado. Começamos a perceber que as entidades estavam se ajustando. A burocracia ficou mais complexa nos últimos meses. Não sei se foi pela mudança política ou total de projetos”, conta Spencer.

Após Hilton Lacerda, Lírio Ferreira e Claudio Assis, outros cineastas devem estrear entre 2017 e 2018 na televisão, como Leonardo Lacca (Permanência), Tião (Sem coração) e Marcelo Lordello (Eles voltam), trio responsável pela série Delegado. O projeto foi aprovado em 2015. “No nosso caso, que é uma ficção em episódios, acho que o mais comum é demorar porque você lida com um universo extenso de narrativa expandida. Em relação à minutagem, acaba sendo o equivalente de dois  a três longas, ou de cinco a seis, dependendo do número de episódios”, complementa Tião.

Já finalizada, a minissérie Simião remake, dirigida por Rafael Coelho, aguarda resposta das emissoras para ser transmitida. Com quatro episódios, contempla documentário e adaptações da obra do cineasta Simião Martiniano, falecido em 2015. “Vejo que há uma retração momentânea no mercado, que prejudica a distribuição e produções de novos projetos. Já apresentamos a série para alguns canais. Estamos aguardando espostas”, conta Rafael Coelho, diretor do episódio sobre A mulher e o mandacaru (1996). Os filmes A valise foi trocada (2004) e A moça e o rapaz valente (1998) também vão fazer parte da produção seriada. Já a série prevista para 2017 Coletivos (fotos acima) envolve o Recife, o Rio de Janeiro e Brasília.