Perfil

Publicação: 07/01/2017 03:00

Um pernambucano quase onipresente

FERNANDA GUERRA
fernandaguerra.pe@dabr.com.br


Arrematar um trabalho na televisão é sempre uma segurança para os atores. Garantir dois, então, é um feito ainda maior. Aos 68 anos, Walter Breda pode se considerar em uma situação confortável no meio. Recentemente, ele apareceu simultaneamente em obras de duas emissoras, fato pouco comum na televisão brasileira. O recifense vive o sapateiro Orias em A terra prometida, na Record, e o pai do personagem do ator Leandro Hassum em A cara do pai, seriado exibido em dezembro na Globo, com retorno previsto ainda para 2017. “É uma situação muito especial. Muito difícil isso acontecer, mas é a segunda vez que ocorre comigo. Quando estava em Cobras e lagartos (2007), o SBT e a TV Cultura reapresentavam trabalhos com minha participação”, relembrou. A novela bíblica é o primeiro trabalho na Record do ator, que já transitou na Band, na Globo e na TV Cultura. A série cômica marca a volta de Breda à Globo, após Amores roubados (2014) e Salve Jorge (2012). Ele também atua como dublador.

Entrevista
Walter Breda

A cara do pai marca a sua volta para a Globo. Já conhecia Leandro Hassum antes?
Não. Conhecia só de vê-lo no cinema e na televisão. Nós somos fisicamente parecidos. A produção da série entrou em contato com a Record e, como minha participação na novela já tinha acabado, a emissora deu sinal verde. A última novela que havia feito na Globo foi Salve Jorge. Depois, fiz participação em Amores roubados, quando tive o prazer de trabalhar com Germano Haiut, que tinha feito teatro com minha mãe. De lá para cá, não tinha feito nada na televisão. Eles encostam você, colocam outras caras. Você fica meio esquecido, depois chamam de novo…

Com tantos anos de carreira, fazer comédia é difícil na televisão?
Gosto muito de fazer humor. Eu tenho um pé mais no humor que no drama. Mas não gosto muito do humor que se faz hoje na televisão. Acho uma barra muito forçada. Gosto da coisa mais tranquila, como A cara do pai. É um seriado que acompanha uma família. Não é aquela coisa solta de variedade do humor. Tem coisas muito boas. Respondendo à sua pergunta diretamente, acho que não é muito fácil não.

A improvisação é importante em projetos cômicos?
A improvisação é uma coisa inerente. Quem improvisa bem sabe do que está falando. Durante três anos, trabalhei com Ronald Golias. Fiquei no ar na série Bronco, na Bandeirantes, no final dos anos 1980, com Nair Belo, Anselmo Vasconcelos e Sandra Annenberg. Ele era o rei do improviso. Era uma aula que ele dava de como fazer humor, de como improvisar, com clareza.

Como começou o trabalho como dublador?
No governo Fernando Collor de Melo, a Band despediu um monte de gente. Fiquei desempregado. Tinha acabado de voltar da França. Uma amiga, que tinha feito teatro comigo em Pernambuco, estava em uma dubladora. A dublagem não tinha parado como outros mercados do país. Fiz dez anos sem parar. Faço dublagem até hoje. Gosto muito! Voltei a fazer televisão há uns 20 anos, quando ela me redescobriu. Antes disso, só estava sobrevivendo do teatro em São Paulo.