3 perguntas // Lailson de Holanda Músico e cartunista

Publicação: 18/03/2017 03:00

Qual o contexto do surgimento de Satwa? Como se deu a parceria com Lula Côrtes?
A cena (em Pernambuco) vinha se formando com várias vertentes: regionalista, rock n’ roll, experimental... Eu convivia com todas as correntes. Tocava baixo em uma banda sem nome, com Ivinho (guitarra), Almir (violão) e Bira Total (bateria). Quando fomos promover uma feira de música, encontrei Lula Côrtes - ele tinha 23 e, eu, 19 anos. Foi amizade à primeira vista. Ivinho e Almir se juntaram a Marco Polo para criar o Tamarineira Village, que depois se tornaria o Ave Sangria. Passei a tocar muito na casa de Lula, que era uma “universidade da contracultura”.

Por que gravar de maneira independente?
Não havia uma ideia de revolucionar... nada assim. Foi uma coisa mais lógica. Havia uma gravadora em decadência, a Rozemblit, e a gente podia prensar o disco lá, depois de alugar um estúdio e gravar. Eu estava juntando dinheiro para voltar para os Estados Unidos, mas acabei desistindo e gastei nesse projeto uns US$ 3 mil (o equivalente a US$ 17 mil, em valores atualizados).

Pelo fato de ser independente, o disco impactou o mercado?
Depois do disco, a Rozemblit viu que havia um novo nicho de mercado e passou a bancar a gravação de artistas como Marcone Notaro e Flaviola. Quando as gravadoras do sul chegaram à conclusão de que estava acontecendo uma cena, os artistas já não estavam mais aqui. A única restante era o Tamarineira Village, que a gravadora pediu para mudar o nome. Foi quando surgiu a Ave Sangria. É por isso que o disco deles entrou no mainstream, tornou-se icônico, com distribuição no Brasil inteiro.