Um homem, sua música e seus afetos em cena Um dos mais influentes nomes da música brasileira completaria 110 anos - e sua trajetória é relembrada no documentário "Dorival Caymmi: Um homem de afetos"

André Guerra

Publicação: 30/04/2024 03:00

Um dos maiores responsáveis pela internacionalização e imortalização da música brasileira do século 21, Dorival Caymmi completaria 110 anos hoje – e tão eterno quanto a sua figura de voz, gestos e olhar marcantes permanece o seu legado cultural. O cantor e compositor baiano, com suas influências da música de matriz africana e a célebre sensualidade poética com que cantava os costumes e as superstições, faleceu em 16 de agosto de 2008, aos 94 anos, e ganha mais uma homenagem cinematográfica com o documentário Dorival Caymmi: Um homem de afetos, de Daniela Brotman, que acaba de entrar em circulação após a estreia na Mostra Competitiva do festival É Tudo Verdade.

Nascido em Salvador no dia 30 de abril de 1914 e atraído pela música desde cedo pelo pai, instrumentista, e pela mãe, que cantava em casa, o jovem Dorival começou a fazer sucesso já na casa dos 20 anos na rádio e em concursos. Com O que é que a baiana tem?, em 1939, sua música atinge outro patamar, cuja história é narrada em modo subjetivo e suave em Um homem de afetos, através de gravações do próprio artista e depoimentos dos familiares e colegas, como Caetano Veloso e Gilberto Gil. Trechos resgatados de Carmen Miranda incorporando a influência gestual e visual de Caymmi, entrevistas sobre o processo criativo e descrições do método de trabalho se entrecortam com lembranças dos familiares, que detalham o pai (de Dori, Nana e Danilo) e o marido (a cantora Stella Maris).

Em entrevista ao Viver, a diretora destacou o foco na força espiritual e pouco materialista de Caymmi e como isso era importante para a produção desse recorte. “O filme ficou no mesmo tom e ritmo que Caymmi cantava, com os silêncios, as pausas e o respeito à poesia e ao jeito dele falar. Não trouxemos especialistas, mas sim ele mesmo, na maior parte do tempo, e os seus próximos. Ele foi  inovador e precursor do músico que compunha e interpretava como ninguém suas próprias canções.”