Na cena brega, se ela dança...
...todo mundo dança junto: Dani Costa se tornou sensação no gênero recifense, admirada nos palcos e com mais de 160 mil seguidores nas redes
Marina Simões
marina.simoes@diariodepernambuco.com.br
Publicação: 10/04/2017 03:00
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Dani nasceu na Vila Popular, em Olinda, e ganha quase um salário mínimo por mês para "pagar as coisas dela" |
Dani começou a dançar brega aos 16 anos, ganhou popularidade nas redes sociais e admiração entre artistas, produtores e fãs. Ela acumula mais de 160 mil seguidores no Instagram e 58 mil no Facebook. “É o que eu gosto de fazer e quero levar a dança para o resto da minha vida. Acho que posso chegar ainda mais longe”, acredita a dançarina, que integra o corpo de balé do MC Troinha, ao lado de Vitória Kelly, a Japa (13,5 mil seguidores). “Quando entrei no mundo do brega, me destaquei por ter o gingado da suingueira. Foi virando ‘epidemia’ e todo querendo fazer igual”, conta.
“É um fenômeno recente. Os movimentos estão mais bruscos e ressaltam a bunda e as pernas. Para dançar, tem que saber bater cabelo, fazer muito carão e dar close”, aponta Jurema Fox, drag queen e cantora que acompanha a cena há 12 anos. Outras dançarinas do meio desfrutam de popularidade nas redes sociais, como Joyce Pereira (80 mil seguidores no Instagram), Rachel Barros (60 mil) e Thays Aurino (11 mil), do balé de Sheldon Férrer, e Waleska Freitas (21 mil) e Raissa Araújo, bailarinas de MC Menor.
“As dançarinas de MCs ou arrochadeira trazem coreografias ensaiadas. Dani é referência no mercado. Ela tem talento e carisma no palco. É contagiante vê-la dançar”, aponta o produtor Caco Brasil, com passagem por Musa e Kitara. "As músicas estão coreografadas e isso faz o público querer aprender. A popularidade delas (dançarinas) ajuda muito no sentido de divulgação. Contribui para disseminar a música, o artista e a dança”, analisa o produtor musical Thiago Gravações, criador do canal no YouTube homônimo que lança clipe de artistas locais.
Nascida e criada na periferia, no bairro Vila Popular, em Olinda, Dani se interessou pela dança aos 10 anos, quando passou a integrar o grupo de dança D’Pressão e participou de concursos de suingueira. Ao lado dos amigos Rhanderson, Caio e Walisson - que formam a “família Costa” -, começou a criar as próprias coreografias. O grupo se junta durante as tardes para gravar vídeos caseiros e divulgar nas redes sociais, alguns com mais de 500 mil visualizações.
A oportunidade de trabalhar e ganhar dinheiro com a dança veio a convite da dupla Dread e GG. Em seguida, entrou no balé do MC Menor. “No início, minha avó ficava com medo, pelo fato de ser muito nova. Minha mãe me acompanhava nos shows e, com o passar do tempo, viu que não precisava mais”. Atualmente no balé de MC Troinha, fatura pouco mais de um salário mínimo por mês e afima que é o suficiente para pagar as “coisas dela”. Dani mora com a mãe, Hosana Costa, 43, o irmão, Carlos Daniel, 17, e a avó Ivanilda. “O dinheiro é dela. Não precisa contribuir com nada não", explica a mãe, dona de casa. A bailarina não concluiu o ensino médio, mas pretende retomar os estudos.
Vitrine
Vaidosa, Dani compartilha selfies, fotos e divulga lojas que patrocinam os figurinos, as unhas em gel e outros produtos. Os cachos loiros também chamam a atenção. “Me perguntam muito como cuido do meu cabelo. Pensam que eu virei blogueira”, se diverte. Uma cicatriz na barriga provoca a curiosidade das pessoas, mas não a incomoda. “Não ligo, mas sempre tenho que explicar. Foi uma cirurgia que fiz aos 14 anos por causa de uma apendicite”.