Na cena brega, se ela dança... ...todo mundo dança junto: Dani Costa se tornou sensação no gênero recifense, admirada nos palcos e com mais de 160 mil seguidores nas redes

Marina Simões
marina.simoes@diariodepernambuco.com.br

Publicação: 10/04/2017 03:00

Dani nasceu na Vila Popular, em Olinda, e ganha quase um salário mínimo por mês para "pagar as coisas dela" (Rafael Martins/ DP)
Dani nasceu na Vila Popular, em Olinda, e ganha quase um salário mínimo por mês para "pagar as coisas dela"
Uma nova forma de dançar brega tem surgido nos últimos três anos. Além dos passos já comuns nos palcos da cena recifense, elementos do funk, da suingueira, do arrocha e até do stiletto (estilo urbano no qual saltos altos e finos são agregados ao figurino) se incorporaram às coreografias. O ritmo acelerado do brega de MC ou brega-funk - movimento representado por artistas como MC Troinha, Dadá Boladão, MC Menor, Cego, Sheldon Férrer, entre outros - permite que a dança ganhe contornos explosivos e contagiantes. A dançarina Danielle Karla da Costa, 21 anos, conhecida como Dani Costa, se tornou expoente local ao sintetizar no trabalho os novos passos coreográficos incitados pelo gênero.

Dani começou a dançar brega aos 16 anos, ganhou popularidade nas redes sociais e admiração entre artistas, produtores e fãs. Ela acumula mais de 160 mil seguidores no Instagram e 58 mil no Facebook. “É o que eu gosto de fazer e quero levar a dança para o resto da minha vida. Acho que posso chegar ainda mais longe”, acredita a dançarina, que integra o corpo de balé do MC Troinha, ao lado de Vitória Kelly, a Japa (13,5 mil seguidores). “Quando entrei no mundo do brega, me destaquei por ter o gingado da suingueira. Foi virando ‘epidemia’ e todo querendo fazer igual”, conta.

“É um fenômeno recente. Os movimentos estão mais bruscos e ressaltam a bunda e as pernas. Para dançar, tem que saber bater cabelo, fazer muito carão e dar close”, aponta Jurema Fox, drag queen e cantora que acompanha a cena há 12 anos. Outras dançarinas do meio desfrutam de popularidade nas redes sociais, como Joyce Pereira (80 mil seguidores no Instagram), Rachel Barros (60 mil) e Thays Aurino (11 mil), do balé de Sheldon Férrer, e Waleska Freitas (21 mil) e Raissa Araújo, bailarinas de MC Menor.

“As dançarinas de MCs ou arrochadeira trazem coreografias ensaiadas. Dani é referência no mercado. Ela tem talento e carisma no palco. É contagiante vê-la dançar”, aponta o produtor Caco Brasil, com passagem por Musa e Kitara. "As músicas estão coreografadas e isso faz o público querer aprender. A popularidade delas (dançarinas) ajuda muito no sentido de divulgação. Contribui para disseminar a música, o artista e a dança”, analisa o produtor musical Thiago Gravações, criador do canal no YouTube homônimo que lança clipe de artistas locais.

Nascida e criada na periferia, no bairro Vila Popular, em Olinda, Dani se interessou pela dança aos 10 anos, quando passou a integrar o grupo de dança D’Pressão e participou de concursos de suingueira. Ao lado dos amigos Rhanderson, Caio e Walisson - que formam a “família Costa” -, começou a criar as próprias coreografias. O grupo se junta durante as tardes para gravar vídeos caseiros e divulgar nas redes sociais, alguns com mais de 500 mil visualizações.

A oportunidade de trabalhar e ganhar dinheiro com a dança veio a convite da dupla Dread e GG. Em seguida, entrou no balé do MC Menor. “No início, minha avó ficava com medo, pelo fato de ser muito nova. Minha mãe me acompanhava nos shows e, com o passar do tempo, viu que não precisava mais”. Atualmente no balé de MC Troinha, fatura pouco mais de um salário mínimo por mês e afima que é o suficiente para pagar as “coisas dela”. Dani mora com a mãe, Hosana Costa, 43, o irmão, Carlos Daniel, 17, e a avó Ivanilda. “O dinheiro é dela. Não precisa contribuir com nada não", explica a mãe, dona de casa. A bailarina não concluiu o ensino médio, mas pretende retomar os estudos.

Vitrine
Vaidosa, Dani compartilha selfies, fotos e divulga lojas que patrocinam os figurinos, as unhas em gel e outros produtos. Os cachos loiros também chamam a atenção. “Me perguntam muito como cuido do meu cabelo. Pensam que eu virei blogueira”, se diverte. Uma cicatriz na barriga provoca a curiosidade das pessoas, mas não a incomoda. “Não ligo, mas sempre tenho que explicar. Foi uma cirurgia que fiz aos 14 anos por causa de uma apendicite”.