Para voar sem sair do chão Corridas de rua clandestinas em paisagens cubanas e russas dão o tom do oitavo filme da bem-sucedida franquia Velozes e furiosos

Pedro Galvão
edviver@diariodepernambuco.com.br

Publicação: 13/04/2017 03:00

Em 2013, a franquia Velozes e furiosos, uma das mais poderosas de Hollywood, com seis filmes lançados até então, sofreu uma baixa. O astro Paul Walker, um dos protagonistas, perdeu a vida quando o porsche guiado por um amigo bateu em um poste e pegou fogo, com o ator no banco do passageiro. Ele participava de um evento beneficente na Califórnia, fazendo justamente aquilo que o tornou adorado por fãs de ação e velocidade em todo o mundo.

O que poderia determinar o fim acabou dando um novo fôlego à série. O sétimo filme, lançado em 2015, tornou-se a sexta maior bilheteria da história do cinema, graças à comoção pela morte de Walker, que havia gravado apenas metade das cenas. Velozes e furiosos 8 estreia hoje repetindo a velha fórmula, mas iniciando uma nova fase e mostrando que a franquia ainda tem muito combustível para queimar em cenas de ação.

É a primeira vez que Walker não aparece. No último longa, lançado após o acidente, o roteiro foi alterado e suas cenas incluídas para que seu personagem, o ex-policial Brian O’Connor, encerrasse sua participação na saga de corridas clandestinas e missões especiais. Agora, Brian está aposentado e Vin Diesel se torna a estrela solitária na pele do poderoso Dom Toretto. No entanto, nesse novo enredo, Toretto também começa a história afastado da ação, curtindo sua lua de mel em Cuba, ao lado da companheira Letty (Michelle Rodriguez).

É a primeira superprodução hollywoodiana rodada na ilha em pelo menos 50 anos. Embora tente valorizar aspectos da cultura local, inclusive nos diálogos, vários clichês da visão estadunidense são explorados: o ritmo do reggaeton, charutos, mulheres curvilíneas em trajes mínimos e, é claro, os carrões antigos.

A onda de paz que cerca Toretto é tamanha que nem quando resolve encarar uma corrida contra um gângster folgado para proteger seu primo ele sai do sério. Na cena em questão, em vez dos lamborghinis e porsches, são modelos da década de 1950 a voar baixo pelas ruas de Havana. O sossego do personagem de Diesel só é interrompido quando uma vilã aparece com uma ameaça chantagiosa, capaz de fazê-lo trair seus ideais e amigos em uma nova missão.

Interpretada por Charlize Theron, Cipher é uma mistura de hacker com terrorista, fria, inescrupulosa e disposta a controlar um arsenal nuclear para ter as maiores potências globais em suas mãos. Para detê-la, a antiga equipe de Toretto, liderada pelo oficial Luke Hobbes (Dwayne Johnson) e comandada pelo agente secreto da CIA Senhor Ninguém (Kurt Russell), volta à ativa, disposta a entender o que levou o amigo a mudar de lado e trazê-lo de volta. A missão tem como cenário as ruas de Nova York e uma planície gelada. Como de praxe, os heróis usam os carros superpotentes para desafiar soldados e gângsters e poderosos arsenais.

A ideia é que esse oitavo longa da série seja o ponto de partida para uma nova trilogia, em que a equipe formada pelos já conhecidos Toretto, Hobbs, Letty, Tej, Roman e Megan encaram um novo tipo de inimigo. A fórmula que conquistou fãs ao longo dos últimos 16 anos continua. Não faltam explosões, pegas, perseguições, carros voando e motores turbinados com nitro. Quem continua de fora é o compromisso com a realidade, com os principais personagens pulando de veículos em movimento a 240 km/h e saindo sem nenhum arranhão, entre outras peripécias que devem ter tirado o fôlego dos dublês para serem filmadas.

Ainda que não consiga bater a marca de 1,5 bilhão de dólares faturados pelo filme anterior, Velozes e furiosos 8 vem para mostrar que o projeto segue em frente, mesmo sem Walker. De maneira sensível, o roteiro do novo lançamento faz homenagem ao astro. A sequência Velozes e furiosos 9 já está sendo produzida pela Universal Pictures e tem lançamento previsto para 2019. O décimo - e talvez último - filme deve sair em 2021.

A franquia
Velozes e furiosos tem sua trama arquitetada no universo das corridas automotivas de rua nos EUA. Uma prática real e clandestina no país, caracterizada por todo um universo particular de regras e poder. No primeiro filme, lançado em 2001, o policial Brian O’Connor (Paul Walker) tem a missão de se infiltrar no submundo das corridas de Los Angeles para capturar criminosos que participaram. No entanto, seu envolvimento secreto acaba passando dos limites e ele se apaixona por Mia Toretto (Jordana Brewster), irmã de Dom (Vin Diesel) e ele mergulha ainda mais nesse universo. Depois de viverem alguns conflitos, eles formam uma equipe e acabam do mesmo lado, usando as habilidades (e a falta de juízo) ao volante e os motores superpotentes para combater o crime organizado ao redor do mundo.  

Estreias  

Variações de Casanova

O lendário sedutor Giacomo Casanova, interpretado pelo veterano John Malkovich, tem um colapso nervoso e pede por ajuda. Quem vem ao seu socorro é a escritora Elisa von der Recke (Veronica Ferres), interessada em descobrir a verdade por trás da fama do italiano. Misturando a história de Casanova com a apresentação da ópera nos palcos, o filme aborda as paixões do personagem e seu medo da morte.

Una
Depois de 15 anos sem se verem, Ray (Ben Mendelsohn) e Una (Rooney Mara) se reencontram. Eles já tiveram um complicado relacionamento quando ela tinha apenas 12 anos. Ray é confrontado com o passado quando Una chega sem avisar em seu escritório buscando respostas sobre o abuso que sofreu. Ray fez uma nova vida para ele, mas os dois vão precisar revisitar sua relação e escavar um inabalável amor danificado.