Entre o real e a lenda, o medo de um Dioguinho

Publicação: 23/05/2017 03:00

No século 19, o pistoleiro Diogo da Rocha Figueira, conhecido como Dioguinho, era o terror do Sertão paulista. Com uma ficha criminal de pelo menos 50 assassinatos, ele era temido pelas técnicas macabras e pela tentativa de se esconder da polícia em cavernas da região. Foram as histórias de Dioguinho e as lendas criadas sobre ele que inspiraram o quadrinista Breno Ferreira a produzir a HQ Cão. “Sou do interior de São Paulo, e uma parte da minha família vive na zona rural. Desde pequeno, escutava várias histórias sobre coisas que aconteceram na região, todas repletas de exageros e fantasias. Uma delas era a história de um tal de Dioguinho, que passou bom tempo morando em cavernas enquanto se escondia da polícia e enganava as autoridades”, lembra.

Acostumado a publicações menores, Breno conta que escrever uma história maior foi um dos desafios do projeto. “Estava mais acostumado a fazer histórias curtas no coletivo O miolo frito e as tirinhas do blog Cabuloso suco gástrico. Principalmente para começar, acho que era um bloqueio ligado à responsabilidade e tal”, lembra.

Para superar a barreira, Breno optou por não escrever uma narrativa corrida, sem quebras, e separou a história em pedaços menores. “Optei por dividir em capítulos com intuito de ajudar a minha falta de experiência com uma narrativa comprida e acredito que tenha ajudado”, destaca.

Outra dificuldade foi o fato de já haver muitas publicações sobre a história de Dioguinho em diversos formatos, tanto documentais quanto ficcionais. “Minha preocupação foi tentar fazer algo diferente das narrativas que já existiam, mas, ao mesmo tempo, usá-las com a base histórica e até fictícia que já permeiam o personagem”, explica.

A pesquisa de referência e de mais elementos da história do assassino acabaram levando bastante tempo, conta Diego. Ele contou com a ajuda do irmão, Raphael Moraes, e do pai, Du Ferreira, no trabalho. “A pesquisa foi bem mais demorada do que eu esperava, meu pai e meu irmão participaram bastante do processo. Depois de um bom tempo fuçando livros (alguns bem antigos) e monografias, comecei a desenvolver o roteiro”, completa.

Serviço
Cão. De Breno Ferreira (Editora Mino, 88 páginas, R$ 41,90)