Duas décadas de bruxaria Série literária Harry Potter chega aos 20 anos marcada pelo estímulo à leitura e por lições sobre tolerância à diversidade

Emannuel Bento
Especial para o Diario
edviver@diariodepernambuco.com.br

Publicação: 26/06/2017 03:00

Há 20 anos, em 26 de junho de 1997, era lançado o livro Harry Potter e a pedra filosofal, pela editora Bloomsbury, no Reino Unido. A obra marcou o início de uma das sagas literárias mais famosas de todos os tempos, com seis continuações e oito longas-metragens que, juntos, lucraram mais de US$ 5 bilhões em bilheteria. A trajetória do bruxinho conquistou uma geração de leitores que se encantou pelo universo fictício de J.K Rowling, responsável por influenciar o gênero da literatura fantástica e desenvolver o hábito da leitura em crianças de todo o mundo.

Mais do que isso, os títulos trouxeram, nas entrelinhas, um discurso relevante sobre discriminação social de maneira metafórica. Nos livros, bruxos nascidos de famílias não-bruxas são discriminados, assim como personagens “diferentes”, a exemplo de Rúbeo Hagrid (um homem meio-gigante) e Remo Lupin (lobisomem). J.K Rowling chegou a revelar, inclusive, que Dumbledore é homossexual.

“Harry Potter propõe reflexão sobre identidade. Há uma simbologia no sentido de trabalhar na minoria identitária uma discussão sobre superação e acolhimento”, diz o professor da UFRPE e autor de livros infanto-juvenis Hugo Monteiro Ferreira. Estudo divulgado em 2014 pelo Journal of Applied Social Psychology demonstra que jovens leitores da saga tendem a ser menos preconceituosos contra grupos marginalizados da sociedade. A história do primeiro livro bebeu da fonte de outras obras de fantasia, como Senhor dos anéis, de Tolkien e As crônicas de Nárnia, de C.S. Lewis. Depois de Harry Potter, surgiram outras sagas bem-sucedidas, como Percy Jackson, Jogos vorazes e Desventuras em série. “Com estruturas similares, elas foram publicadas na expectativa de se tornarem filmes”, afirma Bruno Nogueira, professor do departamento de Comunicação Social da UFPE.

Influência

FÃ-CLUBE NA WEB

Para Bruno Nogueira, Harry Potter é interessante por ter sido um dos primeiros produtos de literatura infanto-juvenil com grupos de fãs online. “Podemos identificar como uma comunidade de fãs se comporta livremente. É possível observar o que eles fazem com as histórias que leem”. Sobre a premissa de que os livros “criaram novos leitores”, Bruno ressalta que os títulos da série tornaram-se mais complexos. “Isso provoca o gosto por ler mais e não tornar a experiência de leitura obsoleta, com um ‘pós-adolescente’ achando a história boba”, diz.

LEGADO
Até hoje o universo Harry Potter tem forte presença na internet, em portais como Pottermore, mantido por J.K. Rowling. No espaço, ela publica textos que alargam o alcance das histórias. Em uma de suas postagens mais recentes, na semana passada, a escritora revelou a existência de um ancestral do bruxinho, chamado Henry Potter. Depois do fim da saga original, a autora iniciou uma nova série, Animais fantásticos e onde habitam, além de ter escrito o roteiro de uma peça, Harry Potter e a criança amaldiçoada.

Serviço
Para marcar os 20 anos da saga literária, fãs se reúnem para a #HarryPotterBookNight
Quando: hoje, às 19h
Onde: Livraria Saraiva do Shopping RioMar (Avenida República do Líbano, 151, Pina)Quanto: gratuito