Vai passar? Exposição promove ampla reflexão sobre os destroços do Brasil deixados no rastro da hecatombe de acontecimentos sociais e políticos de anos recentes

Publicação: 22/07/2017 03:00

A sensação de profunda inquietude e desamparo derivada dos acontecimentos recentes do Brasil foi o estopim da exposição Voragem, com dez artistas e curadoria de Eder Chiodetto, cuja abertura será neste sábado na nova casa da Galeria Amparo 60 (Edifício Califórnia, Boa Viagem).

Os trabalhadores, indígenas, desaparecidos da ditadura e marginalizados em geral são objeto de reflexão de artistas como a dupla Barbara Wagner e Benjamin de Burca, Gilvan Barreto, José Paulo, Lourival Cuquinha, Paulo Bruscky e Isabela Sampanoni (da galeria), além dos convidados: André Hauck, Ivan Grilo e Jonathas de Andrade.

Segundo o curador, o nome da mostra veio da percepção dos movimentos cíclicos da história da humanidade. “De repente, as conquistas se solapam e voltam o preconceito, a intolerância, a desumanidade com as pessoas mais desassistidas. Parece que a voragem destrutiva vem como furacão e a construtiva é mais paulatina. Unidos, os artistas são os arautos da sociedade e condensam isso em discursos precisos”.

Paulo Bruscky traz a obra Não há vagas - poema em construção. Lourival Cuquinha volta a criticar de forma contundente o capital em Paleta inútil, 2° ano do golpe, inédito retirado da Bienal do Cone Sul, na Venezuela por discordância dos acontecimentos políticos e da convulsão social do país. 

A natureza e a política se misturam em Postcards from Brazil, série do pernambucano Gilvan Barreto que recebeu o Prêmio Pierre Verger. A constatação de que ambientes naturais mais bonitos do país foram palco dos piores massacres da ditadura militar levou o fotógrafo a se apropriar da estética do cartão-postal e das imagens turísticas da Embratur para sublinhar a violência institucionalizada no Brasil. Cada foto tem lacunas que simbolizam os mortos pelas forças militares (foto).