Iminência de uma catástrofe Pane em equipamentos criados pelo homem se torna ameaça global em Tempestade: Planeta em fúria, em cartaz nos cinemas a partir de hoje

BRENO PESSOA
breno.pessoa@diariodepernambuco.com.br

Publicação: 19/10/2017 03:00

Tempestade: Planeta em fúria, estreia de hoje nos cinemas, é quase uma antítese do filme de catástrofe tradicional. No longa estrelado por Gerard Butler, o responsável pelo fenômeno do título não é propriamente a natureza, mas, sim, um arsenal tecnológico capaz de controlar o clima e extinguir maior parte da humanidade.

Butler é Jake Lawson, criador de uma rede de satélites idealizada para manipular as condições climáticas da Terra e evitar que fenômenos como o aquecimento global coloquem em risco a existência dos humanos. Tudo funciona bem por anos, até que uma série de incidentes isolados, incluindo uma geleira no meio de um deserto no Afeganistão, sinaliza que o equipamento está com defeito ou, pior, sofrendo sabotagem.

Há anos expulso do projeto, Jake é convocado para voltar ao espaço e descobrir a origem dos defeitos. Nesse retorno inesperado, ele ainda precisa lidar com Max (Jim Sturgess), seu irmão mais novo e também desafeto desde que o caçula assumiu a responsabilidade pelo projeto.

Primeiro grande trabalho na direção de Dean Devlin, mais conhecido como produtor dos dois Independence day (1996 e 2016) e do primeira versão norte-americana de Godzilla (1998), Tempestade tem características em comum com essas outras produções: ameaça global, frases de efeito, cenas de ação destrambelhadas e personagens de diferentes nacionalidades fazendo piada com as pátrias alheias, além de certo humor involuntário. Dito isso, não é exatamente um blockbuster arrojado ou inventivo, mas divertido caso não seja levado a sério.

Canastrão mas inegavelmente carismático, Butler segura bem no papel de salvador do mundo. Sturgess também funciona como figura bonachona e se mostra entrosado com o protagonista. Merecem destaque Abbie Cornish, no papel de segurança do presidente dos EUA (Andy Garcia), responsável por algumas das mais interessantes sequências de ação.

Cenas de destruição costumam figurar entre os grandes chamarizes de filmes do gênero, mas Tempestade não se destaca tanto nesse aspecto. A utilização do Rio de Janeiro como cenário em algumas passagens deve causar alguma comoção nos brasileiros, mas não por mérito na execução das catástrofes terrestres. Embora o Imax ajude a dar certa grandiosidade aos acontecimentos, uma tela enorme não traz grande acréscimo para experiência, assim como o 3D também é dispensável.

Fora algumas similaridades com títulos da carreira de Devlin como produtor, Tempestade mostra uma verdadeira amálgama de ideias já amplamente exploradas na ficção, mas nem sempre reunidas em um só lugar. A fila de clichês é extensa e inclui um protagonista que resolve tudo sozinho, perseguições de carro, conspiração governamental, acidentes espaciais, catástrofes ambientais etc. Resumindo, Tempestade parece resultado de um encontro amoroso entre os filmes Armageddon (1998) e Velozes e furiosos, algo que pode ser considerado elogio ou demérito, a depender do ponto de vista.
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