Blockbuster à la Netflix Serviço de TV pela internet estreia Bright, com o astro Will Smith, megaprodução sobre a convivência entre raças distintas em futuro distópico

Fernanda Guerra
fernanda.guerra@diariodepernambuco.com.br

Publicação: 16/12/2017 03:00

São Paulo - Will Smith já interpretou personagens variados do segmento policial no cinema, mas nenhum como Daryl Ward, o principal do longa-metragem Bright, de David Ayer. No filme de ficção científica da Netflix, que estreia no catálogo no dia 22, ele vive um tira racista e tem um policial orc como parceiro - Nick Jakoby interpretado por Joel Edgerton. O filme é considerado como o primeiro “blockbuster” do serviço de streaming e marca o reencontro entre o diretor e o ator, que trabalharam juntos em Esquadrão suicida (2016).

Bright apresenta um mundo futurista habitado por elfos, fadas, orcs e humanos. Smith incorpora o policial humano, que age em ocorrências relacionadas a crimes mágicos. Ele é encarregado de uma missão ao lado de Nick. Os dois se deparam com uma arma poderosa, que gera uma perseguição. A partir dessa pluralidade de universos, a questão da intolerância racial é abordada em meio ao equilíbrio do drama, ação e humor. “É a forma de olhar para os problemas do mundo. [A intenção] Era abrir os olhos das pessoas para esse problema ainda existente”, justifica o diretor. Em um paralelo com a sociedade, diretor e elenco afirmam que os elfos representam pessoas com poder, enquanto os orcs os que não têm nada. O assunto é abordado com leveza, sem minimizar a proposta de entreter. “Você tem Will Smith, que é hilário por natureza. E tem Joel Edgerton, que é diferente. Você precisa ter um equilíbrio. Você tem que encontrar a luz na sombra”, descreve o diretor.

No filme, Nick é julgado pela aparência e raça e sofre constante bullying e rejeição dos próprios pares e dos companheiros de trabalho. Ele se tornou o primeiro policial orc, mas é hostilizado pelos companheiros de profissão. “A questão da injustiça é a parte principal dos últimos três filmes que fiz. Neste filme, me senti isolado. Estava dentro de uma maquiagem. Foi uma coisa difícil e recompensadora como ator”, comenta. A equipe de maquiagem é a mesma responsável por Esquadrão Suicida, que ganhou um Oscar pelo trabalho. Irreconhecível, Edgerton passava três horas por dia no processo de caracterização, que incluía uma maquiagem forte e uma máscara de látex.

Nessas circunstâncias difíceis, a descontração de Will era primordial. Além das telas, os dois desenvolveram uma forte parceria nos bastidores, que foi narrada e observada nos dois eventos de que participaram no Brasil para promover a produção - Comic Con Experience e coletiva de imprensa, ambas em São Paulo, na semana passada. Will é um showman. O norte-americano, de 49 anos, cativou o público ao cantar o tema de abertura da série Um maluco no pedaço, improvisar beat box e passear pela CCXP com uma máscara de orc.

Além deles, a obra também conta com Edgar Ramirez, Lucy Fry e Noomi Rapace, que representam o núcleo de elfos. “Eu sou a vilã. Algumas pessoas podem dizer que eu sou má, mas eu tenho um propósito de restaurar a beleza do mundo”, adianta Noomi Rapace, em entrevista ao Viver. Na trama, os orcs trabalhavam para os elfos, mas a parceria foi rompida, o que provocou caos no mundo. Ramirez interpreta o elfo Kandomere. “Nós temos ideias diferentes sobre como restaurar a ordem no mundo. A mágica é um elemento muito importante para a história. Diferentemente de outros filmes, neste caso, a mágica é algo ruim, destrutivo e perigoso”, explica Ramirez.

A repórter viajou a convite da Netflix

Entrevista - Will Smith //  ator

FILMAGENS
“A gente gravou nas ruas de Los Angeles. David sabe como gravar em lugares diferentes. A perspectiva dele é diferente. Bright é um drama policial. Em MIB: Homens de preto, não precisava entrar nas questões sociais. Em Bright, explora ideias, entra mais com profundidade para sustentar o elemento dramático do filme. Nós precisamos dos fãs para quererem outros filmes. Tem muita coisa pra explorar. Adoraria ter uma outra oportunidade.”

BASTIDORES
“Eu sei que ele amou trabalhar comigo. Joel tinha essa quantidade de maquiagem por dia. Ontem coloquei uma das máscaras e realmente é uma coisa. Eu meio que me senti mal. Ele tinha três horas e meia de maquiagem. Então, eu assumi a minha responsabilidade de entreter ele. Vi que ele estava lutando.”

DUBLÊS
“Tudo acontecia de verdade. O David leva a sério essa ideia dos atores fazerem as cenas no lugar dos dublês. Em uma cena do carro (em que ele é quase esmagado), o carro realmente estava me empurrando. A maneira como ele grava as cenas de ação é excepcional. David junta a equipe para fazer um treinamento físico. Joel é um mestre das artes marciais. Bright é um drama mais violento e foi gostoso para mim.”

RACISMO
“Foi ótimo estar como um negro fazendo racismo com orcs. Interpreto um  policial racista contra orcs. Foi uma virada interessante. Todos nós olhávamos para alguém para colocar para baixo. A gente tentou não ser pesado nisso. Para mim foi tão interessante crescer como afro-americano, lidando com a polícia. Tinha 17 anos e já era agredido por polícia. Sei o que é ser perturbado pela polícia. Sei como foi estar do outro lado. Ter a experiência de estar do outro lado e ver o que acontece com uma pessoa que está colocando sua vida na reta pra proteger pessoas que odeiam ele.”

CARREIRA
“Adoro ficção científica. Esse espaço aberto que você pode fazer qualquer coisa. Na minha carreira, sempre quero equilibrar entretenimento com uma noção sobre a vida. Com Bright, é mais diversão que outra coisa. Espero que as pessoas tenham mais consciência de questões sociais. Para mim, eu me baseei nessas ideias. É mais diversão que outra coisa. É entretenimento.”