Discussões de gênero Depois de lançar 10 romances, Fernanda Young, aos 48 anos, sentiu que era hora de se aventurar pela não ficção no seu novo livro Pós-F: Para além do masculino e do feminino

Publicação: 13/06/2018 03:00

No decorrer da já extensa trajetória de Fernanda Young como escritora e roteirista, seus textos ficaram marcados pela pegada cômica, muitas vezes sarcástica, diante das mais diversas situações enfrentadas pelas personagens. Depois de lançar 10 romances, a autora, aos 48 anos, sentiu que era hora de se aventurar pela não ficção. No livro Pós-F: Para além do masculino e do feminino (Leya), a autora analisa o que significa ser homem e mulher na atualidade.

“A intensa busca pelo conhecimento, aliada à observação, sempre pautou a minha escrita. No Brasil, estamos passando por um momento tão radical e ignorante que escrever parece tornar a vida muito mais verossímil”, explica Fernanda.

Apesar de se somar à produção autoral de Fernanda e de trazer certa carga teórica nas entrelinhas, o livro nasceu de uma primeira subversão. “Fui procurada pela Leya para escrever sobre feminismo para a coleção Politicamente incorreto, mas não quis assinar com esse nome por não acreditar na relação dele com o tema. Foi aí que surgiu a oportunidade de lançá-lo como uma produção minha”, conta.

“Nunca quis me revelar uma cientista sobre o assunto, achei que seria mais honesto tratar da minha própria realidade. O que está escrito em Pós-F não deve ser tratado como verdade absoluta, pois essa não é a minha função, mas enquanto uma série de apontamentos sobre aquilo que entendo em mim, usando, claro, tudo o que observo nos outros”, afirma.

Às vezes autobiográfico, outrora ensaístico, o livro explora diferentes temas em que o denominador comum é a discussão de gênero. Uma postura filosófica é assumida diante da feminilidade e suas implicações, como a beleza, a sexualidade e a maternidade. “Trato o feminismo como uma coisa que utopicamente deveria estar em desuso. Em pleno 2018, me constrange, e acho até meio cafona, ter que me reafirmar como feminista, porque o mundo não melhorou e em muitos aspectos até retrocedeu. Nos dias de hoje, a mulher está à mercê do pior. É tratada como a menor de todas as minorias”, observa.

Fernanda lembra que o preconceito extrapola a figura da mulher em si, pois a potência de feminilidade em alguns homens, como no caso dos homossexuais afeminados, é também alvo de violência. (Estado de Minas)

Serviço

Pós-F: Para Além do Masculino e do Feminino
De Fernanda Young
Editora Leya
128 páginas
R$ 34,90