O cotidiano nas telas As artistas plásticas Célia Campello e Vania Coutinho participam de exposição coletiva no Villa Cozinha Bistrô, no Espinheiro, a partir de amanhã

BRENO PESSOA
breno.pessoa@diariodepernambuco.com.br

Publicação: 19/06/2018 03:00

A observação do cotidiano é matéria-prima, de maneiras distintas, para o trabalho das artistas plásticas Célia Campello e Vania Coutinho, que participam de exposição coletiva no Villa Cozinha de Bistrô (Rua da Hora, 330, Espinheiro). Embora com estilos distintos, ambas revelam um olhar atento a situações e personagens triviais que, por outro lado, são retratados de maneira expressiva e colorida. A mostra entra em cartaz na quarta-feira, em vernissage a partir das 19h.

“Minha arte é contemplativa”, concorda Vania Coutinho, que vai expor cerca de 30 quadros no Villa, entre produções médias e pequenas. “Eu crio histórias. Em cada tela minha se vê uma história, contada pelos personagens em expressões e gestos”, complementa a artista, que é arquiteta por formação. Autodidata, Vania começou a desenhar como criança, chegou a fazer algumas pinturas na adolescência, mas deixou a veia artística de lado durante algum, retornando aos pincéis há cerca de 20 anos.

Além de tintas a óleo, Vania Coutinho aposta, em algumas das telas, em uma técnica mista que envolve diversos materiais, como massa acrílica, pedaços de plástico e cola. Como se observa pelas suas telas, o grande interesse está em figuras humanas bastante expressivas em gestos e faces, frequentemente embaladas por luzes e contrastes fortes.

Fora as cenas criadas a partir de uma mescla entre observação do dia e imaginação, a artista também desenvolve alguns retratos, geralmente por encomenda de pessoas próximas. Outras peças nesse campo, feitas por iniciativa própria, retratam rostos famosos, a exemplo de um quadro do cantor Prince, um dos que está presente na exposição. “Pode ser até a partir de uma foto 3x4”, brinca ela, sobre a capacidade de produzir uma tela mesmo tendo apenas uma pequena imagem como base para o trabalho.

Assim como Coutinho, Célia Campello teve um início igualmente precoce. “Fui envolvida com a arte logo cedo. Tive a sorte de ter uma mãe que olhava o mundo procurando enxergar suas formas, cores e nuances”, conta sobre a influência materna da também artista plástica Miriam Coelho. “Tive a felicidade de pintar ao seu lado e, assim, aprendi muito sobre as tintas, as suas misturas, sobre o espaço e como explorá-lo na tela e, principalmente, como deixar a alma fluir por meio das cores e dos pincéis”, comenta.

“Gosto de pintar o que vejo, os momentos, o gesto simples, o mundo que me rodeia. Pinto com cores fortes, intensas, porque é assim que sinto a vida”, ressalta Campello sobre sua produção. Para a exposição, ela leva 15 pinturas a óleo, boa parte delas marcada vegetação, flores e alguns objetos. Vívidas e alegres, as telas se destacam pelo uso de cores vibrantes que compõem a natureza retratada em suas obras.

O gosto pela natureza, aliás, guarda relações com a própria formação da artista, que chegou a trabalhar com artesanato feito com barro, galhos, raízes e sementes. Além da própria mãe, fizeram parte de sua trajetória o oleiro Mestre Nado, com quem aprendeu cerâmica, Cavani Rosas, com quem fez curso de desenho, e o pintor Roberto Ploeg, responsável pelas oficinas que ingressou em 2017. O artista plástico, inclusive, é o autor do texto de apresentação da artista para exposição. “Célia é uma colorista primorosa. A cor é o forte dela. Mais do que o desenho. No quadro Arruado, ela transforma uma aquarela em tons suaves feita pela mãe dela numa festa de cores que, sem exagero, lembra Gauguin”, descreve sobre uma das telas selecionadas para a mostra.