O brega funk pegou o Brasil Longe do holofotes, DG e Batidão Stronda são peças vitais no processo de expansão do ritmo pernambucano para o restante do país

Emannuel Bento
emannuelbento@gmail.com

Publicação: 23/07/2018 03:00

Se a música pop global encontrou nos ritmos latinos uma nova tendência, são nas batidas nordestinas que o funk brasileiro está localizando sua atual renovação. A GR6 Eventos, uma das maiores produtoras de funk do Brasil, vai abrir uma filial na capital pernambucana para agenciar MCs do brega local. A previsão é que as atividades se iniciem em 2019. O motivo do interesse da empresa no Recife não tem muito segredo: o sucesso de MCs como Loma e Bruninho (contratado pela GR6 em maio), que estão apresentando o brega-funk ao Brasil. Embora os cantores recebam os holofotes da imprensa e a paixão do público, existem dois nomes de bastidores que são peças vitais no processo de expansão do ritmo: os produtores musicais DG e Batidão Stronda.

Recentemente, eles foram contratados pela GR6 e estão passando um período em São Paulo para produzir músicas para diversos funkeiros de renome. Em breve, serão os principais produtores da filial na capital pernambucana. Ambos possuem histórias similares: começaram a atuar na área por vontade própria, sem conhecimento ou recursos financeiros, mas acabaram criando sucessos de repercussão nacional. Conhecer as trajetórias desses personagens até a atualidade é, simultaneamente, compreender o processo da expansão do brega.

A FASE EM SÃO PAULO

Comandada pelo empresário Rodrigo Inácio, a GR6 Eventos começou suas atividades investindo em pagode, ainda em 2004. Com a ascensão do funk, centrou fogo no ritmo e hoje é responsável por MCs como Livinho, Don Juan, G15, entre outros. Além de gerenciar artistas e produzir eventos, a empresa criou sua própria escola de música, ministrando aulas de canto, produção e procurando novos talentos.

“Fazer parte da GR6 é um sonho”, diz Batidão, ao tentar encontrar palavras para definir como se sente pela atual fase em São Paulo. “Apesar disso, não é fácil construir uma história em Recife e após anos ter que mudar de tudo. Em Pernambuco, entravam umas cinco pessoas no estúdio. Hoje sentimos falta desse movimento, ficamos mais isolados”. Ele admite, no entanto, que a mudança temporária é por uma boa casa: levantar a bandeira do brega-funk no Sudeste e quebrar inúmeros preconceitos.

“Existe um real interesse da GR6 no brega. Esse ritmo mais harmônico, causado por instrumentos como baixo e guitarra, causou esse impacto no funk paulista”, explica DG. “O que o pessoal quer fazer é uma troca: pegar os MCs do Nordeste e levar pro Sul, e vice-versa. Os primeiros passos já estão sendo dados. Estamos trabalhando para que nosso brega-funk se torne um ritmo nacional. Seria como uma realização, um sonho”. Batidão complementa: “E quem diria que isso seria feito por nós? Dois caras de comunidade”.