"Não estão pedindo nada além de respeito" Entrevista - Dario Menezes // documentarista

Publicação: 20/08/2018 09:00

Por que Abrindo o armário e não Saindo do armário?
O fato de “abrir o armário” não implica um movimento de “saída”. Nós quisemos abrir esse armário e jogar luz dentro dele. A sociedade, em geral, precisa ver quais são as pessoas que estão escondidas dentro desse armário. São profissionais e seres humanos que não estão pedindo nada além de respeito.

Como escolheram os personagens?
Por ser panorama temporal, escolhemos pessoas entre 25 e 70 anos. Quando comecei a pesquisar, quis pegar pessoas de fora do establishment, como na periferia de São Paulo, por exemplo. Temos a Linn da Quebrada, mas ela ainda não era tão famosa quando fizemos a entrevista, em 2016. Dentro da linha editorial, criei um leque com 40 pessoas. Com o tempo, no entanto, fui percebendo que algumas pessoas faziam da militância uma espécie de marketing pessoal, o que não era bem o que queríamos. Também evitei falar com políticos, pois não queria que se tornasse uma obra partidária. Diante disso, fizemos uma triagem até chegar nos 16 que estão no filme.

O documentário tem a pretensão fazer um panorama sobre a comunidade LGBTI+, mas não há lésbicas entre os personagens. Por quê?

Desde o início, pensei que seria massacrado por restringir ao universo gay masculino. Mas, na verdade, eu quis fazer um documentário de 80 minutos sobre um período longo da comunidade LGBTI . Se eu colocasse lésbicas, ficaria muito mais amplo e, consequentemente, enfadonho. Além disso, as lésbicas possuem histórias e dificuldades um tanto diferentes dos gays. Agora, estamos fazendo um documentário exclusivamente sobre lésbicas, mas ainda em processo embrionário.

Existem outros documentários sobre vivências LGBTI . Para você, qual o diferencial desse?
Ele faz um painel da história. Vemos, através das falas, o início da Aids e a violência policial mais ferrenha, por exemplo. Ao mesmo tempo, temos pessoas que se assumiram com facilidade e de forma positiva. Existe essa mistura. As gravações foram muito longas para arrancar as histórias com maior espontaneidade. O filme não defende uma tese, mas mostra histórias emocionantes de pessoas comuns.