"Precisamos ler mais, criar mais leitores"

Publicação: 18/08/2018 03:00

“Se a gente comparar o mercado brasileiro com o da Argentina, vemos que precisamos ler mais, criar mais leitores”, diz a diretora geral da V&R Editoras para o Brasil, Sevani Matos, ao comparar a realidade nacional com a do mercado argentino, berço da companhia. “Quando um livro é best-seller no Brasil, os números são maiores, por conta do tamanho do país e população”, acrescenta, observando que o país vizinho costuma ter volumes mais modestos entre os campeões de vendas, mas uma média geral melhor. “Eles leem mais, têm interesse em mais títulos”, afirma.

“No Brasil, o número de títulos lançados é muito maior que o de pessoas que, realmente, leem, e as editoras acabam fazendo tiragens menores, para que o produto se pague”, diz Sevani Matos. Os títulos infantojuvenis, no entanto, costumam seguir à margem desse contexto e representar volumes mais expressivos. A série Diário de um banana, maior sucesso da V&R, está no 13º volume e, apenas no Brasil, já comercializou cinco milhões de exemplares, desde o início da publicação, em 2007. “Os jovens, no geral, estão querendo o que é tendência”, observa, sobre as repostas similares que o segmento alcança em diferentes mercados.

DIGITAL

Na mais recente edição do Censo do Livro Digital no Brasil, tendo como ano-base 2016, foi registrada a comercialização de 2.751.630 unidades nesse formato, registrando faturamento de vendas de R$ 42.543.916,96, valor equivalente a apenas 1,09% do mercado editorial brasileiro. A situação, apontada pelo estudo, não condiz com a realidade da principal representante do meio, a loja virtual Amazon. Quem afirma é o gerente-geral para conteúdo Kindle da rede no Brasil, Ricardo Garrido. A empresa norte-americana, responsável pelo mais popular leitor de e-books, o Kindle, está há cinco anos no país e não revela números sobre as vendas.

Mas, de acordo com Garrido, “o cenário é bem diferente” para companhia. “O livro digital está muito fortalecido”, afirma, dizendo também que a média de vendas, no comparativo com a de edições físicas, chegam a ser equivalentes no caso de lançamentos. “Alguns livros, como o último de Mario Sergio Cortella (A sorte segue a coragem), vendeu mais digital do que impresso”, garante o gerente. “A gente tem a capacidade de venda mais dispersa, um pouco de cada título. De todos os livros lançados, vendemos pelo menos uma cópia”, acrescenta.

*O repórter viajou a convite da Câmara Brasileira do Livro