O teste de Bechdel é uma valiosa contribuição à arte

Publicação: 24/09/2018 03:00

Talvez não tão conhecida do grande público, a autora tem, além dos quadrinhos, uma outra contribuição para as artes. O conhecido Teste de Bechdel, criado para avaliar a representação feminina em filmes, tem esse nome em homenagem a ela, que sugere, em uma HQ da série Dykes to watch out for uma série de requisitos mínimos para a presença de mulheres em obras cinematográficas. Na HQ, intitulada A regra, duas personagens conversam e uma delas diz que só aceita ir ver um filme se satisfazer três requisitos básicos: ter pelo menos duas mulheres em tela, que elas conversem entre si e que esse diálogo seja sobre qualquer outra coisa que não um homem. Por sua vez, a quadrinista diz que a ideia para a história veio de uma amiga chamada Liz Wallace, que, segundo Bechdel, teria sido inspirada pelo ensaio Um teto todo seu, de Virginia Woolf. Hoje o teste não tem aplicação apenas no cinema, sendo adotado também para outras mídias.

Outras HQs autobiográficas

Art Spiegelman
Maus (Quadrinhos na Cia, 296 páginas, R$ 59,90)

O livro de Spiegelman não pode ser encarado, no todo, como autobiográfico, já que o foco é a narrativa sobre o pai, judeu sobrevivente dos campos de concentração nazistas. Ao mesmo tempo em que conta de forma bastante rica os horrores do Holocausto, o quadrinista interrompe a narrativa diversas vezes para expor inquietações próprias e questionamentos em relação ao pai, uma figura racista e mesquinha. Publicado em duas partes, a primeira em 1986 e a segunda em 1991, a obra é, até hoje, a única história em quadrinhos a ser reconhecida com o Prêmio Pulitzer de literatura.

Frederik Peeters
Pílulas Azuis (Nemo, 208 páginas, R$ 44,90)

No início, o livro parece contar mais uma história de amor aparentemente comum. O autor relata o contato casual com uma garota chamada Cati e surgimento do interesse entre os dois, até que ela revela ser soropositiva, assim como o filho. Apesar de vários receios, Peeters embarca no relacionamento e vai contando como a doença interfere na vida do casal e as mudanças que isso exige em diversas esferas, do campo sexual ao emocional. Além de trazer uma bonita história, o livro tem um relevante caráter informativo sobre relacionamento com pessoas soropositivas.

Tom Hart
Rosalie Lightning: Memórias gráficas (Nemo, 272 páginas, R,80)

A Rosalie do título é a filha do autor com a cartunista Leela Corman. A criança, motivo de alegria constante para o casal, adoeceu inesperadamente quando tinha por volta de dois anos e morreu. A breve vida da garotinha, e a dor causada pela perda prematura são relatadas em uma jornada melancólica, mas também cheia de amor. Dos momentos felizes à depressão, estagnação emocional e abalos no relacionamento do casal, o livro mostra os protagonistas em busca de conforto e novos significados para a existência, além do reencontro com esperança.