Reconstituição histórica é o ponto forte

Publicação: 22/09/2018 03:00

A identidade visual do manguebeat, estabelecida à época com grande participação de Hilton e Dolores, é muito bem transposta para o programa televisivo. Da abertura ao encerramento, símbolos e signos do mangue estão refletidos em tela. A transição do analógico para o digital, tão marcante no período, também está lá, evidente nas tecnologias exibidas em tela e nas imagens de arquivo inseridas em determinados trechos.

A competente reconstituição histórica também é um ponto forte. É visível o cuidado com o figurino, objetos de cena e vários detalhes que resgatam bem a atmosfera noventista. Alguns diálogos e passagens também pontuam bem o período em que a narrativa se desenvolve, com comentários sobre acontecimentos como o confisco das poupanças durante o governo Collor, a substituição da moeda oficial do país, o cruzado novo, pelo cruzeiro etc. Esses tópicos, aliás, são reforçados também por trechos de reportagens da época, um dos poucos aspectos propriamente documentais utilizados na produção.

Outros registros históricos utilizado são canções em versões demo de grupos como Devotos do Ódio (hoje Devotos) e Eddie. No fim do primeiro episódio, por exemplo, é possível escutar a primeira gravação de A cidade, gravada por Chico antes de adotar o sobrenome artístico Science e de formar a Nação Zumbi. Bem diferente da versão consagrada, a faixa traz a voz de Chico acompanhada de um baixo marcante e, mesmo sendo um tanto crua, mostra o talento do letrista e cantor. Ao fim deste mesmo capítulo, há também um vídeo do músico acompanhado do percussionista Gilmar Bola Oito, um dos fundadores da Nação Zumbi, em que explicam o manguebeat.