Serial killers em cena
Ted Bundy, assassino que usava a beleza para matar, e Fritz Honka, corcunda de ira machista do bar em Hamburgo, têm histórias reais contadas na telona
Publicação: 25/07/2019 03:00
No Brasil, o filme que estreia hoje se chama Ted Bundy - A irresistível face do mal. O título original é um pouco mais extenso, e complicado. Extreminly wicked, shockingly evil and vile (ou seja, extremamente perverso, chocantemente maligno e vil) vem da sentença do juiz Edward Cowart, manifestando seu desgosto pelo homem que assumira a própria defesa e que o magistrado da Flórida reconhecia como alguém sedutor e brilhante, cujo charme o tornava ainda mais perigoso para a sociedade. Depois de negar sistematicamente que fosse um assassino serial de mulheres, Ted Bundy terminou por assumir dezenas de crimes brutais cometidos nos anos 1970 e que, nas palavras do juiz, revelavam total ausência de humanidade.
Essa história real inspirou um documentário do próprio diretor Joe Berlinger na Netflix. Ele conta que fez seu filme para a geração das filhas, que não sabiam nada sobre Ted. Por isso mesmo, adotou o ponto de vista da garota - Liz - com quem o criminoso viveu por anos, e que duvidava a crer nas evidências de que ele pudesse mesmo ser o assassino frio e brutal que a polícia dizia que era. Há muita documentação sobre o tema, e o personagem, que inspirou inclusive Búfalo Bill, o assassino serial de O silêncio dos inocentes, vencedor de vários Oscars em 1991. “O filme de Jonathan Demme é uma obra-prima e uma fonte permanente de inspiração para quem se interessa pelo lado sombrio das pessoas. Demme usou Hannibal Lecter para psicanalisar a América e ajudar o FBI na caçada a Búfalo Bill, que usa o método de Ted, só substituindo a van por um fusca para atrair as suas vítimas.”
Norte-americano de Bridgeport, Connecticut, de 57 anos, Joe Berlinger ainda não chegou à terceira idade, mas já possui uma extensa carreira, com numerosas indicações para o Oscar e o Emmy. Só de filmes, para TV e cinema, já produziu mais de 50 e dirigiu outros tantos, e sempre com uma pegada: o interesse pelo lado mais sombrio do ser humano. Por que as pessoas matam, enganam? Berlinger tem mais perfis de criminosos no currículo que qualquer outro diretor de sua geração.
Por que esse interesse todo? Berlinger conta que ficou fascinado por Ted Bundy por sua cara de anjo. “Ele era jovem, bonito e dizia que era inocente dos crimes de que era acusado. A polícia exibia as evidências, ele era preso, fugia, foi a julgamento e as fãs, porque ele tinha suas groupies, se recusavam a acreditar que fosse um frio assassino de mulheres. A história me atraiu pela facilidade como um rosto bonito pode mascarar uma natureza brutal”, diz. “E eu quis fazer esses filmes, o show de TV e a obra para cinema, pensando nas minhas filhas de 20 e 24 anos. Elas têm a mentalidade de sua geração. Não conheciam Ted Bundy. Quando lhes mostrei as imagens, a reação foi ‘Esse cara, assassino? Impossível!’ É possível, sim, e eu me voltei para Ted para tentar mostrar como.”
Berlinger agradece aos céus por haver conseguido a cumplicidade de um ator como Zac Efron. Como o jovem galã de High school musical, ele se tornou o ícone de toda uma geração, inclusive de suas filhas. “De certa forma, pode-se dizer que Ted Bundy foi uma espécie de Zac Efron de sua época, porque o julgamento na Flórida foi transmitido ao vivo e teve altos índices de audiência. As garotas tiravam senha para entrar no tribunal, era uma loucura.”
Assim como a de Zac, é decisiva a participação de John Malkovich Ele faz o juiz Edward Cowart. O estilo um tanto “doce” do ator serve ao papel, porque o juiz, embora duro na sentença, condenando Bundy à cadeira elétrica, foi sempre benevolente com o criminoso que assumira a própria defesa. “Duvido muito que Cowart tivesse tratado outro condenado daquele jeito. Mesmo ao expedir Ted para a morte, ele diz aquelas coisas, ‘Cuide-se’ e ‘Você teria dado um ótimo advogado, meu jovem’. Isso está documentado. É mais uma prova de como as aparências enganam, e a nossa sociedade da imagem deixa-se levar por um rosto bonito.” (AE)
Essa história real inspirou um documentário do próprio diretor Joe Berlinger na Netflix. Ele conta que fez seu filme para a geração das filhas, que não sabiam nada sobre Ted. Por isso mesmo, adotou o ponto de vista da garota - Liz - com quem o criminoso viveu por anos, e que duvidava a crer nas evidências de que ele pudesse mesmo ser o assassino frio e brutal que a polícia dizia que era. Há muita documentação sobre o tema, e o personagem, que inspirou inclusive Búfalo Bill, o assassino serial de O silêncio dos inocentes, vencedor de vários Oscars em 1991. “O filme de Jonathan Demme é uma obra-prima e uma fonte permanente de inspiração para quem se interessa pelo lado sombrio das pessoas. Demme usou Hannibal Lecter para psicanalisar a América e ajudar o FBI na caçada a Búfalo Bill, que usa o método de Ted, só substituindo a van por um fusca para atrair as suas vítimas.”
Norte-americano de Bridgeport, Connecticut, de 57 anos, Joe Berlinger ainda não chegou à terceira idade, mas já possui uma extensa carreira, com numerosas indicações para o Oscar e o Emmy. Só de filmes, para TV e cinema, já produziu mais de 50 e dirigiu outros tantos, e sempre com uma pegada: o interesse pelo lado mais sombrio do ser humano. Por que as pessoas matam, enganam? Berlinger tem mais perfis de criminosos no currículo que qualquer outro diretor de sua geração.
Por que esse interesse todo? Berlinger conta que ficou fascinado por Ted Bundy por sua cara de anjo. “Ele era jovem, bonito e dizia que era inocente dos crimes de que era acusado. A polícia exibia as evidências, ele era preso, fugia, foi a julgamento e as fãs, porque ele tinha suas groupies, se recusavam a acreditar que fosse um frio assassino de mulheres. A história me atraiu pela facilidade como um rosto bonito pode mascarar uma natureza brutal”, diz. “E eu quis fazer esses filmes, o show de TV e a obra para cinema, pensando nas minhas filhas de 20 e 24 anos. Elas têm a mentalidade de sua geração. Não conheciam Ted Bundy. Quando lhes mostrei as imagens, a reação foi ‘Esse cara, assassino? Impossível!’ É possível, sim, e eu me voltei para Ted para tentar mostrar como.”
Berlinger agradece aos céus por haver conseguido a cumplicidade de um ator como Zac Efron. Como o jovem galã de High school musical, ele se tornou o ícone de toda uma geração, inclusive de suas filhas. “De certa forma, pode-se dizer que Ted Bundy foi uma espécie de Zac Efron de sua época, porque o julgamento na Flórida foi transmitido ao vivo e teve altos índices de audiência. As garotas tiravam senha para entrar no tribunal, era uma loucura.”
Assim como a de Zac, é decisiva a participação de John Malkovich Ele faz o juiz Edward Cowart. O estilo um tanto “doce” do ator serve ao papel, porque o juiz, embora duro na sentença, condenando Bundy à cadeira elétrica, foi sempre benevolente com o criminoso que assumira a própria defesa. “Duvido muito que Cowart tivesse tratado outro condenado daquele jeito. Mesmo ao expedir Ted para a morte, ele diz aquelas coisas, ‘Cuide-se’ e ‘Você teria dado um ótimo advogado, meu jovem’. Isso está documentado. É mais uma prova de como as aparências enganam, e a nossa sociedade da imagem deixa-se levar por um rosto bonito.” (AE)
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